Normalmente quando se pensa em alimentação, pensa-se em calorias ou então em nutrientes. Pode ainda destacar-se que dentro da categoria “nutriente”, existem os macronutrientes e os micronutrientes. Ou seja,
qualquer alimento tem potencial para ser uma fonte complexa de várias substâncias importantes para o funcionamento do corpo humano.
Mas a história não termina aqui… Na realidade, além das calorias, macronutrientes e micronutrientes, existem também várias substâncias nos alimentos, que podem ter efeitos benéficos a vários níveis. Essas substâncias são genericamente chamadas de substâncias bioativas. Apesar do nome estranho, que provavelmente nunca ouviu falar, trata-se de moléculas presentes na maioria dos alimentos, e das quais fazem parte muitos antioxidantes, substâncias anti-inflamatórias, entre outras.
Possivelmente uma das classes de substâncias bioativas mais conhecidas são os flavonoides, também muitas vezes chamados de polifenóis.
Possivelmente uma das classes de substâncias bioativas mais conhecidas são os flavonoides, também muitas vezes chamados de polifenóis.
Os flavonoides são encontrados em alimentos de origem vegetal, nomeadamente fruta, hortícolas e algumas bebidas (vinho tinto, por exemplo).
De uma maneira geral sabe-se que um consumo adequado destes alimentos está associado a uma diminuição do risco de doenças cardiovasculares, doenças crónicas, doenças inflamatórias, vários tipos de cancro, etc. Tentar destacar um responsável por estes efeitos é, na minha opinião, missão impossível, pois a qualidade e diversidade nutricional encontrada em qualquer fruta ou hortícola é tão elevada que não tenho dúvidas que existem em todos eles vários compostos com efeitos benéficos (e eventualmente potenciadores uns dos outros!). Obviamente que os flavonoides serão uns dos sérios candidatos a terem um efeito direto ao nível de vários dos benefícios que eu referi. O seu elevado potencial antioxidante poderá ser a grande mais valia a esse nível.
Infelizmente o cancro e um problema de saúde pública com um impacto enorme na sociedade atual, e que, seguramente, terá um impacto ainda maior daqui a alguns anos. Conforme já tive oportunidade de escrever noutros posts (mais informações aqui), obviamente que a alimentação terá um papel importante no aparecimento e desenvolvimento de vários tipos de cancro, nomeadamente cancros da cavidade oral e do sistema digestivo.
Recentemente foi publicado um artigo na revista Journal of Nutrition que procurou perceber se o consumo de flavonoides poderia ter algum impacto ao nível da incidência de cancro da cabeça, pescoço, esófago e estômago. Este estudo contou com a participação de quase meio milhão de participantes. Os resultados obtidos revelaram que
Infelizmente o cancro e um problema de saúde pública com um impacto enorme na sociedade atual, e que, seguramente, terá um impacto ainda maior daqui a alguns anos. Conforme já tive oportunidade de escrever noutros posts (mais informações aqui), obviamente que a alimentação terá um papel importante no aparecimento e desenvolvimento de vários tipos de cancro, nomeadamente cancros da cavidade oral e do sistema digestivo.
Recentemente foi publicado um artigo na revista Journal of Nutrition que procurou perceber se o consumo de flavonoides poderia ter algum impacto ao nível da incidência de cancro da cabeça, pescoço, esófago e estômago. Este estudo contou com a participação de quase meio milhão de participantes. Os resultados obtidos revelaram que
o consumo de flavonoides estava associado a uma diminuição de 24% do risco de cancro da cabeça e pescoço.
Gostava de fazer algumas considerações sobre o artigo que eu referi. Em primeiro lugar, o facto de não ter sido observada nenhuma associação entre o consumo de flavonoides e o cancro do esófago ou do estômago não significa que não exista nenhum tipo de efeito protetor. Apenas revela que, nas condições de estudo, e tendo em consideração as variáveis analisadas, não foi observado efeito. Em segundo lugar, tenho obviamente que destacar o efeito significativo observado ao nível do cancro da cabeça e do pescoço. A diminuição foi de 24%, ou seja, na prática seria menos 1 caso de cancro em cada 4! Este tipo de observações não pode nem deve ser desvalorizado, pois a relevância que o cancro assumiu ao nível da saúde pública é alarmante. É mais um estudo que demonstra que nós temos muito mais poder do que imaginamos, no controlo do nosso futuro. São as nossas escolhas (alimentares e não alimentares) que determinam em grande parte aquilo que somos, e que seremos. Por fim, gostaria de terminar com um apelo simples, mas muito importante:
não despreze o impacto que cada refeição tem na sua saúde, aproveite cada dia para fazer melhores opções alimentares e, devido a isso, aproveite para construir um futuro mais saudável!