Atualmente há uma doença infantil que tem dado muito que falar, a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA). Há cada vez mais crianças diagnosticadas com esta doença (estimativa recentes apontam para que mais de 5% da população mundial possa sofrer desta doença!), o que tem levado a várias opiniões contraditórias. Há quem defenda que tudo não passa de uma moda, e que a verdadeira razão para o comportamento mais irrequieto das crianças é a falta de educação e de tempo que os pais lhes dedicam. Há ainda quem ache que tudo não passa de um esquema da indústria farmacêutica para vender mais medicamentos. Por último também há quem considere que atualmente as ferramentas de diagnóstico são mais rigorosas e por isso consegue-se identificar melhor o problema. Independentemente de qual das opiniões é a verdadeira (se é que existe apenas uma opinião verdadeira…), uma coisa é certa, o que causa esta doença está longe de estar compreendido. Se por um lado a genética pode ser importante, também não é de estranhar que a exposição a algumas substâncias e a alimentação em particular podem ter alguma coisa que ver com a PHDA? Há cada vez mais estudos que dizem que de facto pode existir uma relação entre a alimentação e a PHDA, e nesse contexto tem sido destacado um nutrimento em particular, a vitamina D.
A vitamina D é uma vitamina fundamental para o correto funcionamento do nosso organismo, principalmente para assegurar níveis adequados de cálcio no sangue. Devido a isso, naturalmente que afeta a estrutura e metabolismo dos ossos, que são o principal local de armazenamento de cálcio do nosso corpo. Mas as funções da vitamina D não se esgotam na manutenção dos níveis adequados de cálcio, parece haver muito mais para além dessa (muito) importante função. Apesar de ser tão importante, a vitamina D não é facilmente obtida a partir da alimentação, pois são poucos os alimentos que funcionam como uma fonte natural dessa vitamina, nomeadamente, os peixes gordos e alguns cogumelos. Devido a isso, há vários alimentos fortificados em vitamina D no mercado, mas mesmo assim, de acordo com a evidência científica atual, a maior parte da população apresenta carências desta vitamina. São muitas as consequências que têm vindo a ser atribuídas a esta carência, sendo de destacar a ocorrência de várias doenças do foro comportamental e, em particular a PHDA.
Recentemente foi publicado um estudo no qual se procurou perceber se, de facto, existe alguma relação entre os níveis sanguíneos de vitamina D e a presença de PHDA. Foi observado que níveis baixos de vitamina D em crianças e adolescentes se relacionam com uma maior ocorrência da doença. Adicionalmente, a presença de quantidades baixas de vitamina D na altura do nascimento e na primeira fase da vida parecem também aumentar o risco de aparecimento de PHDA.
Concluindo, com base na evidência científica mais atual, acredita-se que pelo menos em parte a PHDA pode ser bastante frequente devido também a carências de vitamina D. Assumindo que esta relação é, na realidade, verdadeira, pode ajudar a compreender porque é que a PHDA é cada vez mais frequente. Por um lado a nossa alimentação tem vindo a tornar-se cada vez mais pobre em vitamina D, e por outro lado, a exposição solar também diminuiu significativamente nas últimas décadas, devido ao facto de as crianças passarem cada vez mais tempo em casa e à utilização generalizada de protetores solares (o nosso corpo consegue produzir vitamina D, mas para isso necessita de exposição solar). Obviamente que não quero com este post dizer que se deve aumentar de forma descontrolada a exposição solar, mas sim que devemos estar mais atentos aos níveis de vitamina D, procurando aumentar o consumo de alimentos ricos nessa vitamina e, se necessário, recorrer à suplementação. Provavelmente há alguns problemas de saúde que se tornariam menos frequentes…