Em primeiro lugar gostaria de destacar que de todos os tipos de jejum intermitente mas conhecidos, este é aquele que me parece mais razoável. Devido a isso, é o tipo de jejum intermitente que tem mais adeptos. Não quero com isto dizer que o defendo, mas sim que dentro da modalidade “jejum intermitente” este é o mais equilibrado, ou menos desequilibrado, se preferir… 😉
A restrição alimentar horária pode ser definida de forma simples como um padrão alimentar no qual existem períodos longos de jejum (eliminar refeições, por exemplo), e períodos do dia onde o consumo alimentar é efetuado sem restrições. Em termos gerais, as consequências deste tipo de jejum parecem ser muito variáveis e dependentes das características de cada pessoa. Por um lado, pode estar associado a um consumo total de calorias inferior ao que ocorreria se fossem respeitadas todas as refeições, o que significa que, nesses casos, poderá existir um maior efeito ao nível da diminuição ou manutenção do peso. No entanto, existe também a possibilidade de haver um maior descontrolo nos períodos de alimentação, devido a crises de fome significativamente aumentada. É, por isso, uma estratégia que exige muito auto-controlo e força de vontade por quem a pratica.
Em relação aos reais benefícios deste tipo de jejum intermitente, o assunto é muito complexo de ser analisado, pois além dos resultados contraditórios, o período de jejum praticado é muito variado (12-21h, normalmente). De qualquer das formas, há alguns estudos com animais que sugerem eventuais vantagens ao nível do peso, melhoria nos níveis sanguíneos de colesterol, triglicéridos e açúcar, e diminuição de marcadores inflamatórios. Um aspeto muito curioso observado em vários destes trabalhos prende-se com o respeito pelos ritmos biológicos “normais”. Por exemplo, se o período de consumo alimentar sem restrições ocorresse durante a noite, existia um maior risco de os animais estudados se tornarem obesos, enquanto que se fosse durante o dia, os efeitos eram os que eu descrevi anteriormente. Quanto aos estudos realizados com humanos, em primeiro lugar importa referir que se tratam de estudos nos quais foram utilizados um número bastante limitado de participantes, o que, por si só, obriga a um maior cuidado na interpretação dos resultados. Alguns estudos revelaram uma (modesta) diminuição do peso e uma melhoria nos níveis sanguíneos de colesterol e triglicéridos, mas novamente os resultados foram contraditórios.
Apesar de, na minha opinião, este tipo de jejum intermitente ser mais aceitável do que os restantes, continuam por provar inequivocamente as suas vantagens. Alguns resultados são promissores mas com base no conhecimento atual parecem-me ainda pouco robustos para se poder afirmar com certeza que o jejum intermitente é benéfico. Concluindo, acredito que este tipo de jejum intermitente pode estar associada a vantagens para algumas pessoas, mas pelo menos com base no conhecimento atual tenho sérias dúvidas que tentar impô-lo de forma generalizada e assumir que se trata de uma situação benéfica para todos, seja o melhor caminho a seguir