Se há coisa que me fascina no mundo da nutrição é o papel multifacetado que a alimentação tem no nosso dia-a-dia. Além de nos darem calorias, os alimentos também nos fornecem macronutrientes (mais informações sobre os macronutrientes neste post), micronutrientes (mais informações sobre os micronutrientes neste post) e compostos bioativos. É ainda de destacar o papel fundamental que a alimentação tem na socialização, pois muitas vezes as refeições são sinónimo de convívio. E por último, mas não menos importante, o que nós comemos está intimamente relacionado com o nosso bem-estar psicológico e emocional (mais informações sobre esse assunto neste post).
Os problemas psicológicos e/ou psiquiátricos são, infelizmente, uma realidade que afeta a vida de muitas pessoas. Neste contexto, é fundamental criarem-se estratégias que visem garantir um melhor bem-estar psicológico. De entre estas, as que promovem um estilo de vida mais saudável têm vindo a merecer cada vez mais atenção, nomeadamente o aumento da atividade física e adoção de hábitos alimentares mais equilibrados e variados (mais informações sobre a relação entre a alimentação e a felicidade neste post). Apesar de o conhecimento científico atual ainda não permitir ter recomendações individualizadas sobre a forma como cada um se deve alimentar no sentido de se sentir melhor psicologicamente, já se começa a perceber que há de facto uma relação importante entre estas duas variáveis, nomeadamente ao nível da diminuição do risco de depressão (mais informações sobre a relação entre a alimentação e a depressão neste post), melhor capacidade de adaptação a diferentes cenários e aumento da sensação de felicidade (mais informações sobre esse assunto neste post).
O bem-estar psicológico de cada pessoa depende de muitos fatores, sendo a alimentação um deles.
Recentemente foi publicado um artigo na revista científica American Journal of Clinical Nutrition no qual se procurou analisar os trabalhos existentes sobre a associação entre o consumo de frutas e legumes na saúde mental e no bem-estar psicológico. Os resultados obtidos revelaram que existem potenciais benefícios relacionados com o consumo desses alimentos, nomeadamente ao nível dos sintomas de stress e depressão, bem como um aumento da vitalidade. Apesar de o efeito ter sido observado quer ao nível da fruta, quer ao nível dos legumes, estes últimos aparentarem ser mais eficazes na promoção do bem-estar psicológico.
Este trabalho revela dados muito interessantes a vários níveis. Em primeiro lugar, vem reforçar a importância de se adotar uma alimentação saudável no sentido de preservar não apenas a saúde física, mas também a saúde mental. Em segundo lugar, demonstra que além de todos os potenciais benefícios conhecidos, associados ao consumo de hortofrutícolas, também a nossa componente psicológica é diretamente afetada pelos mesmos. Além disso, o facto de os legumes aparentarem serem mais eficazes a esse nível, também sugere que os efeitos observados parecem estar diretamente relacionados com a composição nutricional dos alimentos ingeridos, pois à partida poder-se-ia pensar que a fruta pudesse ter um efeito mais significativo, quanto mais não seja por causa da sua doçura. Por isso já sabe, se quer ter mente sã em corpo são, dê valor à sua alimentação!
O consumo de fruta e legumes parece ser um importante fator de promoção da saúde mental.
Referência do artigo: Am J Clin Nutr 2019;110:196–211.
