As quedas são um problema grave, principalmente para a população mais idosa. Estima-se que uma em cada três pessoas com idade superior a 65 anos caia pelo menos 1x/ano. As consequências associadas às quedas são muito variáveis, podendo levar “apenas” a escoriações e/ou hematomas, ou então a consequências mais graves como fraturas, incapacidade permanentes ou mesmo morte. Além disso, quedas sucessivas podem criar uma sensação de medo e, consequentemente, originar uma diminuição significativa da mobilidade/atividade física. Devido a isso, deve-se ter em atenção a prevenção das mesmas, a fim de garantir uma melhor qualidade de vida e de saúde da população com mais idade.
Sem dúvida que uma parte muito significativa das quedas dá-se a nível físico, maioritariamente por ação de fisioterapeutas e de profissionais de exercício físico devidamente qualificados. Mas há outras áreas igualmente importantes, nomeadamente a alimentação. Há vários nutrientes que se sabe que podem ter um papel importante na prevenção deste problema de saúde tão relevante, tais como o cálcio (mais informações sobre o cálcio neste post), a vitamina D (mais informações sobre a vitamina D neste post) e a proteína. Sabe-se ainda que, de uma maneira geral, um mau estado nutricional agrava o problema, pelo que os conselhos básicos que incluem um consumo alimentar diversificado e saudável devem manter-se ao longo de toda a vida.
As quedas são um grave problema de saúde pública que em parte pode ser prevenido através da alimentação.
Recentemente foi publicado um estudo na revista científica American Journal of Clinical Nutrition no qual se procurou avaliar se existe alguma relação entre o consumo de café e o risco de quedas em pessoas idosas. Foi observado que o consumo habitual de café parece provocar uma diminuição do risco de quedas.
Este artigo é muito interessante pois estabelece uma relação aparentemente pouco óbvia entre dois fatores que à primeira vista poderiam não parecer relacionados. Sabe-se que o café é uma bebida com um papel cultural e social muito forte, com consequentes efeitos benéficos a nível psicológico para muitos dos seus consumidores. Alem disso, o seu consumo parece estar relacionado com vários potenciais benefícios para a saúde, tais como diminuição do risco de mortalidade (mais informações sobre esse assunto neste post), de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 (mais informações sobre esse assunto neste post), entre outros. Os resultados apresentados no estudo que eu referi demonstram que o consumo de café em pessoas que habitualmente já o fazem parece diminuir o risco de quedas. Esta associação pode ser pelo menos parcialmente explicada pelo maior estado de alerta e de atenção provocados pela cafeína. Além disso, o efeito aditivo da mesma também faz com que a ausência do seu consumo (em consumidores regulares) possa induzir um estado de menor capacidade física e mental. Neste momento ainda não se sabe se a prevenção das quedas induzida pelo consumo de café está relacionada apenas com os efeitos da cafeína, ou se existem outros constituintes nessa bebida que podem contribuir para esse efeito. Independentemente disso, tudo o que se conseguir fazer para prevenir as quedas, principalmente na população com mais idade, deve ser valorizado, pois de certeza que irá contribuir para uma melhor qualidade de vida dessas pessoas.
O consumo habitual de café parece diminuir o risco de quedas em pessoas idosas.
Referência do artigo: Am J Clin Nutr 2019;0:1–8
