Nutrição geral

O consumo de laticínios e o (menor!) risco de diabetes

A diabetes é uma doença terrível (mais informações sobre a diabetes neste post) que, apesar de ser predominantemente “silenciosa”, provoca danos irreversíveis no nosso corpo. O tipo de diabetes mais frequente é o tipo 2, que está essencialmente dependente de fatores relacionados com o estilo de vida, tais como sedentarismo e má alimentação. Os números atuais são assustadores, pois estima-se que existam 366 milhões de pessoas em todo o mundo com esta doença. E se este valor já é dramático, as estimativas apontam para que em 2030 este valor suba para 522 milhões de pessoas! As principais consequências da diabetes são o risco de amputação (principalmente dos membros inferiores), cegueira, insuficiência renal e risco aumentado de doenças cardiovasculares. Ou seja, pode matar, ou comprometer de forma muito significativa a vida de quem sofre da mesma. Ainda assim, os números revelam que se trata de um problema de saúde pública gravíssimo, que está longe de estar controlado, apesar de ser uma doença maioritariamente comportamental.


São muitas as relações entre a alimentação e a diabetes… A adoção de um padrão alimentar saudável é, sem dúvida nenhuma, o primeiro passo para se conseguir prevenir ou lidar melhor com a doença. Além disso, há alguns grupos de alimentos cujo consumo tem vindo a ser associado com potenciais benefícios neste contexto. É o caso dos laticínios

 

A adoção de um padrão alimentar equilibrado e saudável é fundamental para se prevenir o aparecimento de diabetes.

 


Recentemente foi publicado um artigo na revista científica Advances in Nutrition, no qual foram analisados todos os estudos publicados até à data, sobre a influência do consumo de diferentes tipos de laticínios no risco de diabetes tipo 2. Os resultados obtidos revelam que o consumo diário de laticínios, em particular leite magro e iogurte com baixo teor de gordura se associaram a um menor risco de desenvolvimento da doença. Curiosamente, com o queijo a associação observada não foi tão forte.


Eu sei que os laticínios são um dos assuntos mais controversos na área da alimentação/nutrição. Nos últimos anos o movimento anti-laticínios cresceu muitíssimo, sem se perceber muito bem porquê. Na realidade, a evidência científica continua a apontar muito mais benefícios do que potenciais riscos associados ao seu consumo, o que justifica o facto de, se possível, se incluir laticínios na “lista” de alimentos de consumo diário. São várias as características nutricionais que podem justificar o efeito protetor dos laticínios na diabetes, tais como a sua riqueza em cálcio e magnésio, o efeito regulador dos níveis de açúcar e de insulina no sangue, o potencial probiótico do iogurte (mais informações sobre probióticos neste post), entre outros. Claro que se uma pessoa não gostar dos mesmos, for alérgica, ou se não consumir alimentos de origem animal, pode não os consumir mas ter uma alimentação igualmente saudável. Mas isto não é o mesmo que dizer que o consumo de laticínios faz mal, pois isso, até prova em contrário, não é verdade à luz do conhecimento científico atual!


Referência do artigo: Adv Nutr 2019;10:S154–S163

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