Alimentos

Mel: como consumir

Eu adoro mel! Adoro a textura, o aroma, o equilíbrio perfeito entre a doçura e o sabor deste alimento. Normalmente tenho sempre em casa pelo menos dois tipos de mel diferentes. Gosto muito de provar diferentes variedades, sentir toda a sua riqueza de sabores e aromas…
No entanto, quero deixar aqui bem claro que sendo um alimento rico em açúcares, e muito calórico, o mel deve ser consumido com muita moderação! Se quiser tirar todo o partido do mel, deve garantir que é puro e não processado, pois dessa forma sabe que a sua riqueza em vitaminas, minerais, enzimas e antioxidantes permanece inalterada.
A forma mais simples de consumir o mel é na sua forma natural, ou seja, sem cozinhar ou aquecer. Pode comê-lo diretamente do frasco (sabe tão bem, por exemplo, numa manhã fria de inverno…), ou então utilizá-lo para adoçar iogurtes não açucarados, leite, papas de aveia, pão, chá, limonada, etc… Dá-lhe um toque diferente, exótico, e diminui a utilização do açúcar branco.
Também pode incluir o mel em diversas receitas, nomeadamente bolos, bolachas, gelados, … No Natal o mel assume tradicionalmente um destaque especial em diferentes contextos, sendo normalmente utilizado como calda para doces (rabanadas ou sonho, por exemplo). Tenha em atenção que se o fizer deve diminuir ou eliminar a quantidade de açúcar da receita, ainda por cima porque o mel tem tendência a ser mais doce do que o açúcar branco. Outro aspeto muito importante, e que muitas vezes fica “mascarado” pela doçura do mel, é o facto de se tratar de um alimento naturalmente ácido (tem um pH entre 3,2 e 4,5), ou seja, deve ter em atenção as combinações que faz, se quiser inventar uma receita com mel.
Devido às suas propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias das vias respiratórias superiores, o mel é utilizado para a produção de vários remédios caseiros, que normalmente passam pela sua combinação com limão, entre outros possíveis componentes. O mel também é utilizado (felizmente cada vez menos!) como “calmante” para os bebés. Digo felizmente pois a célebre aplicação de mel na chupeta dos bebés não é aconselhada, devido a dois fatores principais. Em primeiro lugar, trata-se de um alimento rico em açúcares, pelo que o seu consumo deve ser evitado em fases precoces da nossa vida. Em segundo lugar, porque o mel pode conter diferentes tipos de bactérias e esporos, pois na realidade é um “alimento vivo”, pelo que é fundamental que haja primeiro um desenvolvimento correto do sistema imunitário, e do sistema digestivo. O risco de se contrair botulismo devido ao consumo de mel, por exemplo, apesar de baixo é significativo, por isso mais vale não arriscar. Deve esperar pelo menos até aos 12 meses de idade, sendo que, na minha opinião, deve ser dado preferencialmente a partir dos 18 meses, pois nessa altura já existe uma maturidade dos sistemas imunitário e digestivo suficiente para lidar com os riscos associados ao consumo de mel.
Neste post falei sobre formas de utilização do mel no seu estado natural, ou seja, cru, mas também na sua inclusão em receitas, ou seja, cozinhando-o. Mas será que devemos cozinhar o mel? A resposta não é consensual, e tem dividido os investigadores. Se por um lado me parece óbvio que o ideal será não cozinhar o mel, de forma a garantir que ele preserva todas as suas características, por outro lado também acho lógico que se a utilização do mel em receitas nas quais é cozinhado servir para diminuir o consumo de açúcar branco, a sua utilização pode continuar a ser vantajosa! Mas então o que é que acontece quando o mel é aquecido? São várias as alterações que podem ocorrer, dependendo do tipo de mel, do tempo de aquecimento e, muito importante, da temperatura de aquecimento (este último aspeto é fundamental para qualquer tipo de alimento!). Por exemplo, quando o mel é aquecido a mais do que 43ºC, transforma-se num alimento de digestão mais difícil. Além disso, o aquecimento do mel faz com que alguns dos seus antioxidantes, enzimas e bactérias benéficas sejam destruídos, ou seja, diminuem a riqueza nutricional do mel. Mas volto a referir que apesar destas perdas, a utilização de mel em substituição do açúcar branco me parece uma boa opção, na grande maioria dos casos!
Por último, é também importante perceber se o mel que está a ingerir é processado, pois quanto mais processado for o mel, menos são as vantagens relacionadas com o seu consumo. Infelizmente cada vez mais se encontra mel muito processado, principalmente nas grandes superfícies. Se possível compre diretamente aos produtores locais, ou em mercados, pois em princípio nesses casos o mel será mais natural e, consequentemente, será mais vantajoso o seu consumo. Se optar por uma grande superfície, leia atentamente o rótulo e se ficar com dúvidas tente esclarecê-las antes de fazer as suas compras.

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