Depois de ontem ter publicado um post com algumas sugestões que podem contribuir para melhorar a oferta alimentar nas escolas (pode consultar esse post aqui), hoje vou terminar essa lista com mais algumas dicas:
5. Criar sistemas de bloqueio de cartões – A partir do 2º ciclo a maior parte das escolas utiliza um sistema de cartões recarregáveis para os alunos comprarem produtos no bar/cantina. Apesar de quase sempre ser possível os pais monitorizarem que produtos os filhos consumem, o que é certo é que a grande maioria dos pais não o faz. Devido a isso, poderiam ser criados sistemas de bloqueio dos cartões quando se atingisse um consumo elevado de determinados produtos alimentares. Este “plafond alimentar” poderia ser estipulado pela escola (um trabalho que poderia ser efetuado por nutricionistas escolares!?), e se os pais não estivessem de acordo com o mesmo, teriam que assinar um termo de responsabilidade, autorizando a compra desse tipo de alimentos em quantidades superiores às consideradas aceitáveis pela escola. Ou seja, neste caso os pais seriam diretamente responsáveis pelas más opções alimentares das crianças.
6. Criar sistemas de alerta dos pais – Ainda na sequência da minha proposta anterior, poderia ser definido um conjunto de alimentos que, sempre que fossem adquiridos pelas crianças, os pais recebiam um alerta por SMS ou email, por exemplo. Poderia ser algo facultativo, apenas disponível para os pais que o pretendessem.
7. Criar atividades extracurriculares relacionadas com a prática de uma alimentação saudável – As atividades extracurriculares são normalmente momentos de aprendizagem num ambiente mais descontraído do que uma aula. São, por isso, períodos do dia das crianças onde se pode e deve investir para os dotar de competências complementares às adquiridas durante o período letivo. Atualmente a oferta de atividades extracurriculares é muito variada, mas infelizmente ainda há pouca oferta ao nível da alimentação. Atividades extracurriculares de gastronomia/culinária/agricultura poderiam ser uma forma muito útil de ensinar as crianças a fazerem melhores opções alimentares.
Criar sistemas de bloqueio e/ou de alertas associados aos cartões recarregáveis utilizados no bar da escola, e investir em atividades extracurriculares relacionadas com a alimentação poderiam ser importantes aliados na promoção de uma alimentação (mais) saudável.
Como pode constatar, estas minhas sugestões baseiam-se numa ideia clara que consiste num envolvimento conjunto da escola e dos pais na criação de uma consciência alimentar adequada nas crianças. Ou seja, a escola tem um papel fundamental a este nível, mas isso não pode servir de desculpa para os pais se libertarem da sua responsabilidade. É muito importante haver um espírito de equipa que permita que o trabalho feito na escola seja complementado com o trabalho feito em casa, no sentido de se conseguir mudanças efetivas e duradouras. De que é que adianta a escola ter regras a este nível, se as crianças quando saem da mesma vão comprar alimentos menos saudáveis na primeira loja que lhes aparecer à frente, ou recebem esses alimentos por parte dos familiares que os foram buscar?
Concluindo, criar hábitos alimentares saudáveis nas crianças é algo que não tem obrigatoriamente que depender de partidos políticos nem de leis aprovadas no parlamento. Depende principalmente da força de vontade para mudar, por isso, vamos todos fazer parte desta mudança!