A hipertensão é um problema de saúde pública muito grave que, em Portugal, afeta mais de 30% da população (mais informações sobre a hipertensão arterial neste post). No entanto, apesar da sua gravidade, infelizmente trata-se de algo que é encarado com normalidade por parte de quem sofre da mesma. O facto de ser uma doença silenciosa, e, de uma maneira geral, controlável com facilidade através da medicação, contribui de forma muito significativa para a indiferença que a hipertensão causa na população em geral e, em particular, por quem sofre da mesma. No entanto, nunca é demais destacar que estou a falar do problema de saúde que, de forma direta e indireta, mais contribui para a mortalidade total. De entre as suas possíveis consequências, há a destacar as doenças cardiovasculares, como o enfarte agudo do miocárdio (também conhecido como “ataque cardíaco”) e os acidentes vasculares cerebrais, ou AVCs, que incluem as chamadas “tromboses”, e ainda as hemorragias cerebrais (também chamadas de “derrames cerebrais”). Em todos estes casos a hipertensão arterial é um dos seus principais fatores de risco… Ou seja, como se pode constatar, uma pessoa hipertensa tem que ter consciência de que tem uma doença grave, que deve ser encarada exatamente desta forma!
São muitos os fatores que contribuem para a presença de hipertensão, sendo que a alimentação é, seguramente, um deles (mais informações sobre a relação entre a alimentação e a hipertensão arterial neste post). De entre os fatores alimentares, o mais conhecido, e possivelmente o mais importante, é o consumo excessivo de sal. No entanto, há outros fatores alimentares que contribuem para esse efeito, havendo também nutrientes e outros compostos bioativos com o efeito contrário (mais informações sobre alimentos que podem ajudar a combater a hipertensão neste post). Além disso, a alimentação pode ser também um aliado fundamental para minimizar o risco de aparecimento de determinadas consequências da hipertensão.
A hipertensão arterial é uma doença grave que apresenta várias manifestações cardiovasculares, e sobre a qual a alimentação pode ter um impacto importante.
Recentemente foi publicado um artigo na revista científica American Journal of Clinical Nutrition, no qual se procurou perceber qual a relação entre os níveis de vitamina A (mais informações sobre a vitamina A neste post) e o risco de AVC em pacientes com hipertensão. De uma maneira geral, foi observada uma relação inversa entre a presença de níveis adequados desta vitamina e a ocorrência de AVC.
Este artigo revela algo que me parece muito importante. O impacto que a alimentação tem não apenas no aparecimento das doenças mas também nas suas consequências é algo extremamente complexo, mas acima de tudo pode ser algo extremamente significativo. Neste contexto, tão relevante como saber prevenir a hipertensão (e não há dúvidas que o ideal é sempre prevenir a origem dos problemas!), é saber lidar com a mesma, de forma a que as consequências que daí podem surgir sejam menos frequentes e/ou menos graves. Convém não esquecer que nós somos, em grande parte, reféns da nossa genética, mas a forma como a mesma se manifesta não é uma inevitabilidade, mas sim uma consequência das escolhas diárias com que lidamos (incluindo obviamente a alimentação!). A nossa vida é um somatório de todas essas escolhas…
A manutenção de níveis adequados de vitamina A parece ser particularmente importante para prevenir a ocorrência de AVC em pessoas com hipertensão arterial.