Hoje o Mito ou Verdade vai dedicar-se a uma comida que é simplesmente fantástica, e que devia ser consumida diariamente ao almoço e ao jantar, durante todo o ano – a sopa! É provavelmente a melhor forma de se garantir uma ingestão elevada de hortícolas, com toda a sua fibra, micronutrimentos e compostos bioativos. Ao mesmo tempo, fornece também grandes quantidades de água, ou seja, contribui para melhor o estado de hidratação de quem a consome. E o melhor de tudo é que todas estas vantagens são normalmente servidas numa comida com poucas calorias (obviamente que esta característica depende dos ingredientes da sopa!). A preparação da sopa é tradicionalmente algo que varia muito de pessoa para pessoa, e uma das grandes diferenças passa pela variedade de hortícolas que é utilizada na sua confeção. Em Portugal existe muito a ideia de que a sopa deve ter muitos hortícolas diferentes, para ficar mais saudável. Na realidade, há muitas pessoas que na altura de fazer a sopa abrem o frigorífico e utilizam todos os hortícolas que encontrarem. Mas será que esta ideia está correta?
Esta questão pode ser analisada de duas perspetivas diferentes. Por um lado é inegável que a utilização de diferentes hortícolas pode permitir enriquecer nutricionalmente a sopa, pois a composição dos hortícolas é variável, e ao combinar vários consegue tirar melhor (?) partido dessas diferenças. No entanto, convém não esquecer que a utilização de vários hortícolas diferentes não significa que a pessoa vai consumir uma maior quantidade de sopa. Ou seja, na realidade vai acabar por comer uma menor quantidade de cada um dos hortícolas individualmente. Portanto, a vantagem nutricional pode, na realidade, ser uma ilusão. Além disso, se utilizar uma grande variedade de hortícolas, acaba por ter sempre um produto final com um sabor (e cor!) parecido, onde não sobressai o sabor de nenhum dos hortícolas que utilizou. Dito de outra forma, vai tornar a sua sopa mais monótona.
Apesar de os diferentes hortícolas apresentarem composições nutricionais diferentes, a utilização de muitos hortícolas diferentes na preparação da sopa vai fazer com que não tire partido de nenhum deles em particular. Além disso, corre o risco de tornar o sabor da sopa mais monótono.
Concluindo, na minha opinião não se deve utilizar um excesso de hortícolas diferentes na sopa. O ideal será utilizar cerca de 5 hortícolas diferentes, e ir mudando as combinações cada vez que faz uma sopa nova. Desta forma vai conseguir perceber melhor o sabor dos diferentes hortícolas, as suas particularidades e a sua textura. Além disso, vai conseguir perceber melhor quais são as combinações de hortícolas que prefere. Portanto, coma sempre sopa ao almoço e ao jantar, varie os hortícolas que utiliza mas tente que a sua composição não seja demasiado complexa, para não mascarar o sabor dos mesmos. Afinal, a sopa não deve ser encarada como algo que apenas serve para se comer no início da refeição, mas sim como um dos protagonistas da refeição…
2 Comments
Fernanda Monteiro
Eu tinha uma ideia que quantos mais legumes tivesse melhor a sopa seria, e fazia assim para meus filhos. Hoje, gosto de sopa simples, faço uma base de abobora, cenoura, nabo, uma ou 2 batatas, depois faço um creme e ponho espinafres , coração, ou outro legume cortados , assim gosto, mas por vezes sei que não devo, mas ponho um pouco de presunto, ou frango, ou carne de vaca, fica mais apurada, muitas vezes acabo por fazer a refeição assim completa, como a carne e depois a sopa. Obrigada Dr, gosto de o ler.
João Rodrigues
Obrigado pela mensagem. 🙂