Toda a gente já ouviu falar da diabetes. Trata-se de uma doença terrível, que apesar de ser caracterizada por um longo período durante o qual é assintomática, gradualmente vai provocando alterações que mais tarde ou mais cedo podem manifestar-se. E as possíveis consequências são devastadoras: amputação de membros inferiores, cegueira, insuficiência renal, entre outras. Conforme já tive oportunidade de referir anteriormente, de entre os diferentes tipos de diabetes, a tipo 2 é a mais frequente (mais informações neste post). Neste caso o problema não está ao nível da produção da insulina, que é a principal hormona responsável pela manutenção dos níveis de açúcar no sangue dentro dos valores normais, mas sim na sua atuação.
A diabetes tipo 2 está claramente (mas não exclusivamente!) associada a estilos de vida menos saudáveis, nomeadamente a uma alimentação menos correta e ao sedentarismo. Do ponto de vista alimentar, são várias as possíveis estratégias a adotar no caso de pacientes com esta doença, sendo que atualmente ainda não há nenhuma “fórmula mágica” que resulte em todos os casos. E possivelmente nunca irá haver, porque cada caso é um caso… De uma maneira geral, os planos alimentares prescritos para os diabéticos focam-se essencialmente na distribuição dos macronutrientes, com particular destaque para um maior controlo na quantidade de hidratos de carbono ingeridos. No entanto, ao reduzir-se o consumo de hidratos de carbono, a diminuição no total de calorias tem que ser compensada por um aumento da ingestão de proteínas ou de gorduras, e aqui surgem algumas divergências. Se por um lado a proteína tem menos potencial calórico e, consequentemente, tem que se ingerir uma maior quantidade, convém não esquecer que muitos diabéticos apresentam problemas renais e nesses casos deve-se evitar uma ingestão elevada de proteínas. E se a isto tudo somarmos o facto de existirem muitos tipos de gordura diferente, então facilmente se percebe que são várias as possibilidades, com diferentes impactos ao nível da saúde do paciente.
A alimentação de um diabético deve ser ajustada no sentido de haver um maior controlo ao nível da ingestão dos hidratos de carbono. Para compensar essa situação, deve aumentar-se o consumo de proteína e/ou de gordura, consoante as características da pessoa.
Recentemente foi publicado um estudo na revista American Journal of Clinical Nutrition, no qual se procurou perceber se a suplementação com gordura ómega-3 numa dieta pobre em hidratos de carbono e rica em proteínas afetava o estado de saúde de diabéticos tipo 2. Foi observado que essa dieta, quando comparado com uma dieta equivalente mas sem a referida suplementação, não só promoveu uma diminuição mais acentuada dos níveis de açúcar no sangue, como também permitiu uma melhoria mais rápida nos parâmetros analisados.
Ou seja, à medida que o conhecimento na área da nutrição vai aumentando, torna-se evidente que a visão demasiado simplista que existia nalguns contextos tem que ser ajustada. O caso da diabetes é um bom exemplo disso mesmo! Se até há relativamente pouco tempo se valorizava apenas a questão do consumo dos hidratos de carbono, a magnitude do problema e a notória falta de capacidade de lidar com o mesmo obriga a procurar novas soluções, que complementem as estratégias já bem estabelecidas. De acordo com o estudo que eu referi, o enriquecimento do padrão alimentar com gordura ómega-3 (que não tem que ocorrer obrigatoriamente através de suplementos!) pode ser uma opção interessante para ajudar a resolver um problema tão grave e que afeta tanta gente como a diabetes.
Um aumento do consumo de gordura ómega-3 pode ter benefícios ao nível da evolução da diabetes, e, consequentemente pode ajudar a controlar melhor os níveis de açúcar no sangue.