Nutrição geral

Será que existe relação entre os picos de açúcar no sangue e o cancro do intestino?

O cancro é uma doença terrível, que tem vindo a afetar cada vez mais pessoas. E se o número atual já é assustador, as estimativas atuais transformam esse cenário em algo verdadeiramente catastrófico! Para ter uma ideia, há estudos que apontam para que daqui a alguns anos o cancro possa afetar 1 em cada 2 pessoas, ou seja, 50% da população… Os cancros mais frequentes em todo o mundo incluem o cancro do pulmão, mama, próstata e colo-retal (também conhecido como cancro do cólon ou simplesmente cancro do intestino). Vai ser sobre este último que eu irei falar no post de hoje…
O cancro do intestino é o segundo cancro mais diagnosticado em homens e o terceiro em mulheres. São muitos os fatores que podem ser apontados para estas estatísticas assustadoras, sendo que há um que eu gostaria de destacar: a alimentação. Como se trata de um cancro do sistema digestivo, é óbvio que o que se come e quanto se come pode ter um impacto direto (positivo ou negativo) no aparecimento e desenvolvimento da doença. Além do consumo de substâncias potencialmente perigosas (provenientes, por exemplo, de muitos alimentos processados), temos ainda a contaminação com plástico e outras substâncias perigosas como um fator a destacar pela negativa. Por outro lado, o consumo de fibras e antioxidantes parecem ser aliados muito importantes para a prevenção da doença. Obviamente que esta é uma visão muito superficial do problema, pois a relação entre a alimentação e o cancro do intestino é seguramente bem mais complexa e não se resume apenas aos fatores que eu referi… Um dos fatores que tem vindo a ser estudado mais recentemente é o papel da insulina (que é uma hormona produzida quando temos muito açúcar no sangue) no aparecimento do cancro, pois sabe-se que as células cancerosas dependem em grande parte do açúcar para obterem a energia que necessitam para sobreviver e se multiplicarem.
Recentemente foi publicado um estudo na revista American Journal of Clinical Nutrition que procurou esclarecer qual a relação existente entre uma alimentação estimuladora da produção de insulina (rica em hidratos de carbono mais simples) e o risco de aparecimento de cancro do intestino. Tratou-se de um estudo em grande escala, que contou com mais de 120 mil participantes. Os resultados obtidos indicaram que padrões alimentares que promovam uma elevada produção de insulina parecem potenciar o risco de aparecimento de cancro do intestino, tanto em homens como em mulheres.
Este estudo vem demonstrar que quando se pensa na alimentação, temos que tentar ter uma visão muito abrangente de tudo o que isso envolve. Não se pode pensar apenas em contagem de nutrientes, em intervalos entre refeições, ou em contaminantes. Deve-se ter uma visão integrada de tudo o que pode estar associado com as escolhas alimentares, sendo que a elevação súbita dos níveis de açúcar no sangue pode ter um impacto bem mais importante do que se pensa, ao nível da saúde. Mas como é que se pode diminuir os picos de açúcar no sangue? Felizmente essa pergunta é relativamente fácil de responder. Consumir menos alimentos com hidratos de carbono simples, e quando os consumir, deve combiná-los com alimentos ricos em proteína ou fibra, pois são nutrientes que atrasam a digestão e, consequentemente, vão fazer com que o açúcar apareça no sangue mais lentamente. Obviamente que a produção de insulina não é o único fator alimentar relacionado com o cancro do intestino, eventualmente não será sequer o principal, mas é mais um fator que está ao nosso alcance manipular, de forma a preservarmos melhor a saúde…

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