O peso antes de engravidar é um fator de risco para a obesidade infantil!

São muitos os fatores que se relacionam com o risco de uma criança desenvolver obesidade. Se por um lado é inegável que a alimentação da criança é um aspeto fundamental a esse nível, também o próprio estilo de vida (por exemplo, a atividade física, o tempo que passa a olhar para ecrãs, etc.) influencia a probabilidade de vir a sofrer de obesidade. E tal como digo muitas vezes, nunca é demais relembrar que uma criança com obesidade será, muito provavelmente, um adulto com obesidade. Consequentemente, tem um risco muito elevado de vir a ter um futuro com várias complicações de saúde, porque quando era mais novo não conseguiu manter o peso controlado. Além disso, não tenha dúvidas que uma criança com obesidade sofre muito por causa da situação, seja porque não gosta da sua aparência, seja porque se cansa mais depressa e não consegue fazer as brincadeiras como os colegas, seja ainda porque é, tradicionalmente, o último a ser escolhido nos jogos no recreio… Devido a esta situação, há, na minha opinião, muito a fazer ao nível da prevenção da obesidade infantil, sendo que é fundamental atuar o mais cedo possível no ambiente familiar e escolar para impedir o excesso de peso.
Além do que acontece depois do nascimento, há também fatores antes do nascimento que aumentam o risco de as crianças virem a ter obesidade. Estou a falar, como é óbvio, do que acontece durante a gravidez. Ou seja, o risco de se sofrer de obesidade começa ainda na barriga da mãe! E cada vez há mais evidências que demonstram que este é, de facto, um período crítico para o risco de se ter obesidade um dia mais tarde. Sabe-se que um excesso de peso antes da gravidez, o consumo de tabaco durante esse período, bem como um ganho excessivo de peso durante a gravidez aumentam muito esse risco. Além disso, o peso à nascença também parece ser um importante determinante da obesidade (mais informações aqui). O assunto não é fácil de ser estudado, pois a genética de cada um, associado à exposição do feto a variações hormonais e fatores ambientas (como, por exemplo, a alimentação da mãe e o seu padrão alimentar) interatuam de forma complexa.
Recentemente foi publicado um estudo no qual se avaliou de que forma a evolução do peso da mãe se relaciona com a obesidade durante a infância e adolescência. Foi observado que um ganho excessivo de peso durante a gravidez se relacionou com um risco aumentado de obesidade nas crianças. No entanto, aparentemente o peso da mãe antes da gravidez pareceu ser um fator ainda mais importante.
Estes resultados são muito interessantes, pois permitem-nos ter uma perspetiva diferente dos fatores de risco para a obesidade infantil. Na minha opinião, o resultado mais importante é o facto de, aparentemente, o peso da mãe antes da gravidez ser mais importante do que o próprio ganho de peso durante a gravidez. Ou seja, parece ser fundamental haver um peso adequado antes de a mãe engravidar! Este é apenas mais um fator a somar a todos os outros que ilustram bem a importância de se ter um peso adequado, com benefícios claros para a pessoa. Neste caso em particular, os benefícios não incluem apenas a própria pessoa, mas também os seus filhos. Por isso já sabe, se quer engravidar, procure primeiro ter um peso adequado, pois assim estará a contribuir para que o seu filho não venha a sofrer de obesidade um dia mais tarde…