A doença de Alzheimer (mais informações sobre essa doença aqui) é uma doença que, pelos piores motivos, dispensa apresentações. É caracterizada por uma perda progressiva da capacidade cognitiva que, numa fase inicial, tende a afetar “apenas” a memória recente, mas que depois acaba por englobar toda a parte cognitiva e motora. O principal fator de risco associado a esta doença é a idade, pois a demência é inevitavelmente uma consequência do envelhecimento cerebral. Atualmente estima-se que 60-80% dos casos de demência se devam à doença de Alzheimer.
Apesar de se tratar de uma doença complexa, que comporta a intervenção de múltiplos fatores, há vários dados que sugerem que a alimentação pode desempenhar um papel importante na prevenção da mesma. Neste contexto, a alimentação Mediterrânica (mais informações sobre este padrão alimentar aqui) tem vindo a ser proposta como um potencial elemento protetor. Uma das suas principais características é o consumo abundante de frutas e legumes que, além de serem alimentos muito ricos em múltiplas vitaminas e minerais, ainda contêm grandes quantidades de compostos bioativos (mais informações sobre os compostos bioativos aqui), nomeadamente antioxidantes (mais informações sobre os antioxidantes aqui). De entre estes últimos, há a destacar os flavonóides, uma família muito abrangente de antioxidantes.
A doença de Alzheimer é uma doença que está relacionada com o envelhecimento e na qual a alimentação pode desempenhar um papel importante.
Recentemente foi publicado um artigo na revista científica American Journal of Clinical Nutrition, no qual se procurou perceber qual o impacto do consumo a longo prazo de flavonóides no risco de aparecimento de doença de Alzheimer. Os resultados obtidos reveleram que uma alimentação rica em flavonódes parece ter um efeito protetor significativo contra essa doença.
Este trabalho apresenta dados muito interessantes e importantes acerca da relação entre a alimentação e o risco de aparecimento da doença de Alzheimer. O efeito protetor verificou-se apenas em duas classes de flavonóides, os flavonóis e as antocianinas. Isto significa que aparentemente os antioxidantes não são todos iguais, e que os resultados obtidos dependem diretamente das características bioquímicas dos mesmos. Em relação aos dados obtidos no estudo que eu referi, há ainda outro aspeto particularmente importante. A relação estudada centrou-se na prevenção da doença, que, na minha opinião, deve ser sempre a prioridade para todos nós. Ou seja, o ideal é conseguirmos evitar os problemas, em vez de nos centrarmos nos tratamentos ou cura. Ainda por cima porque estou a falar de uma das doenças mais cruéis que existem, na qual a pessoa vai perdendo todas as suas capacidades de forma gradual e irreversível… Este é apenas mais um exemplo do enorme potencial que a nossa alimentação pode ter!
O consumo a longo prazo de flavonóides parece estar associado a uma diminuição significativa do risco de aparecimento de doença de Alzheimer.
Referência do artigo: Am J Clin Nutr (2020) 112:343-353. doi: 10.1093/ajcn/nqaa079
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