Infelizmente vivemos tempos complicados… É impossível negar que o contexto atual, devido à situação da guerra na Ucrânia, nos coloca perante um cenário que nem nos piores pesadelos pensaríamos estar a viver em pleno século 21, numa sociedade Europeia (supostamente!) desenvolvida. Não vou estar aqui a fazer considerações sobre a guerra, apesar de a minha posição ser 100% solidária com o povo Ucraniano, e 100% contra a monstruosa agressão de Vladimir Putin (e respetivos cúmplices)! Mas em tempos de instabilidade social, há algo sobre o qual eu gostaria de falar um pouco: os açambarcamentos de produtos alimentares!
Como todos sabemos, a alimentação é uma das nossas necessidades básicas. Ou seja, se não comermos, morremos. E por isso parece-me legítimo que, em tempo de guerra, uma das principais preocupações passe exatamente por salvaguardar o acesso aos alimentos. No entanto, é importante perceber que há um limite entre essa ideia, e um açambarcamento irracional de determinados alimentos. Nos últimos dias assistiu-se em Portugal a episódios de compra massiva de alguns bens alimentares, nomeadamente óleo, farinha e enlatados. De tal forma que houve várias grandes superfícies que ficaram com as prateleiras vazias nas secções onde esses alimentos estão à venda. Eu sei que o contexto atual é difícil, e causa apreensão e incerteza em todos nós, mas sinceramente gostava que não voltasse a acontecer o que aconteceu durante o 1º confinamento da pandemia.
Nos últimos dias assistiu-se a uma procura excessiva de algunas alimentos, o que levou a que os mesmos ficassem temporariamente esgotados.
Açambarcar esses (ou outros!) alimentos é algo que, na minha opinião, não faz sentido nenhum, por vários motivos:
– Aumento dos preços – Este pico na procura vai ter um impacto direto no preço desses produtos que, naturalmente, ficarão mais caros. É a lei da oferta e da procurar a funcionar. Isto significa que vamos pagar mais por um alimento, só porque o mesmo esgotou devido à ganância de algumas pessoas…
– Escassez temporária – Com a compra massiva de determinados alimentos, os mesmos vão ficar temporariamente esgotados, o que significa que quem quiser, ou precisar, de os comprar, não terá acesso aos mesmos, até que os stocks sejam repostos.
– Aumento do desperdício – Apesar de a farinha e os enlatados terem um prazo de validade longo, uma compra excessiva dos mesmos pode fazer com que várias embalagens acabem por não ser consumidas até o mesmo ser atingido. Consequentemente, poderá haver um aumento significativo do desperdício alimentar.
– Sensação de pânico – O ser humano funciona muito em função do comportamento dos outros. Chegar a um supermercado e encontrar prateleiras vazias, no contexto atual, vai ter um impacto negativo em muitas pessoas, aumentando a sensação de pânico e insegurança. Além do mal-estar que essa situação pode gerar, a tendência vai ser para que aumente igualmente a vontade de açambarcar alimentos, por imitação do comportamento dos primeiros…
O açambarcamento de alimentos pode causar um aumento de preços e escassez temporária dos mesmos, além de potenciar o desperdício e a sensação de pânico.
Portanto, atualmente não há motivo nenhum que nos leve a pensar que precisamos de criar stock de alimentos para vários meses, pois além de não estarmos diretamente em guerra, não há previsão de rutura de stocks. Ou seja, é fundamental ser racional na altura de ir às compras!