Nutrição geral

Será que o consumo de chá pode diminuir o risco de AVC?

O chá é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo. Seja quente ou frio, com o sabor original ou com sabores adicionados, trata-se de uma bebida cujo consumo faz parte da rotina diária de muitas pessoas. Ao contrário do que se pode pensar, o chá não é simplesmente água com sabor. A sua composição é complexa e contém muitas substâncias que podem afetar de forma muito significativa o funcionamento do nosso corpo. Por exemplo, há chás com efeito diurético, chás com efeito calmante, chás que diminuem as dores abdominais, entre outros…


Este potencial do chá tornou-o, ao longo do tempo, um aliado fundamental das chamadas medicinas tradicionais. E se nalguns casos existe realmente um determinado benefício associado ao consumo de um chá em específico, noutros casos pode não ser bem assim, podendo ainda até ocorrer a situação de se obter um efeito contrário noutras situações… No entanto, a riqueza do chá em compostos bioativos, muitos deles com efeito antioxidante (mais informações sobre os antioxidantes neste post), e/ou anti-inflamatório tornam-no um alimento potencialmente interessante para a prevenção de determinadas doenças crónicas, com especial destaque para as doenças cardiovasculares. É, por isso, fundamental conhecer bem quais são as potenciais vantagens e riscos associados ao consumo de chá, de forma a poder-se tirar partido da sua rica composição nutricional, sem comprometer a saúde.

 

O chá apresenta uma composição muito rica em compostos bioativos, que podem contrbuir para um menor risco de aparecimento de diversas doenças.

 


Recentemente foi publicado um artigo na revista científica American Journal of Clinical Nutrition, no qual se procurou perceber qual a relação entre o consumo de chá e o risco de incidência de AVC. Além da relevância do tema, é de destacar que este estudo envolveu quase meio milhão de participantes, o que reforça significativamente a validade dos resultados obtidos. Verificou-se que o consumo diário de chá promoveu uma redução de cerca de 8% no risco de AVC, principalmente em homens, sendo que este efeito foi mais acentuado no caso do chá verde.


Este estudo é muito interessante, pois revela, por um lado, que há muito potencial para interferirmos positivamente com a saúde através das nossas escolhas alimentares. Ilustra igualmente a ideia que eu referi no início do post, ou seja, o chá não é “apenas” água com sabor, é muito mais do que isso. E este é um aspeto muito importante, pois há vários potenciais benefícios e riscos associados ao seu consumo. Ainda neste contexto, é também fundamental perceber que o facto de o consumo de chá verde prmover uma diminuição do risco de AVC, não significa que todos devemos passar a consumi-lo. Por exemplo, como contém teína, que é uma substância estimulante semelhante à cafeína, não é aconselhado a pessoas que necessitem de evitar alimentos/bebidas com efeito estimulante. Ou seja, não há dúvidas que o chá é uma bebida com muito potencial, e que pode ajudar a prevenir o aparecimento de várias doenças, mas isso não significa que possa ser consumido sem regra. Consequentemente, é fundamental informar-se, e em caso de dúvida procure ajuda de um nutricionista ou outro profissional devidamente qualificado.

 

O consumo diário de chá verde parece estar associado a uma diminuição do risco de AVC.

 

Referência do artigo: Am J Clin Nutr. 2020 111:197-206. doi: 10.1093/ajcn/nqz274.

 

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