A obesidade infantil é um problema muito grave, que tem vindo a assumir proporções assustadoras (mais informações sobre a obesidade infantil neste post). Além dos problemas estéticos associados à doença, há também a destacar os problemas de saúde que poderão ter consequências muito graves no futuro, bem como uma baixa auto-estima e um maior isolamento social. Adicionalmente, convém não esquecer que uma criança obesa tem uma probabilidade muito grande de vir a ser um adolescente e um adulto obeso…
A obesidade infantil tende a ser uma situação particularmente frequente nos países mais desenvolvidos, o que revela que em grande parte trata-se de uma condição com uma forte componente comportamental. O estilo de vida mais sedentário e o ambiente alimentar repleto de alimentos muito calóricos, associado a uma maior disponibilidade alimentar são alguns dos fatores que podem justificar a prevalência muito elevada da obesidade infantil nesses países. E esta situação tem início mesmo antes do nascimento! De facto, está demonstrado que quando a mãe tem obesidade, a probabilidade do filho se tornar também obeso é muito maior…. Além disso, o comportamento alimentar da criança e dos familiares mais próximos são aspetos cruciais no risco de aparecimento de obesidade. Ou seja, a obesidade infantil é um problema extremamente complexo, com vários fatores importantes envolvidos.
A obesidade infantil é um problema de saúde pública que afeta principalmente os países desenvolvidos e que normalmente está associado a consequências muito graves a curto, médio e longo prazo.
Recentemente foi publicado um estudo na revista científica Pediatric Obesisty no qual se procurou aprofundar qual a relação entre o padrão alimentar e o comportamento alimentar no risco de obesidade de crianças com 3 anos filhas de mães com obesidade. Verificou-se que as crianças com um maior consumo de snacks e comida mais processada, tais como bolos, bolachas, batatas fritas e sumos e refrigerantes, apresentaram um risco de obesidade muito superior às que tinham o hábito de comer mais lentamente, e com opções alimentares menos calóricas.
Os resultados deste estudo não são surpreendentes, mas é mais um trabalho que vem justificar a necessidade de se criar um ambiente alimentar mais favorável para as crianças. Quando me refiro a ambiente alimentar, incluo não apenas a comida que é consumida nas escolas, mas acima de tudo a comida que existe em casa, bem como o marketing alimentar direcionado para crianças, que é particularmente persuasivo (mais informações sobre marketing alimentar para crianças neste post). Além disso, também os exemplos alimentares que são dados às crianças, nomeadamente o estilo alimentar dos pais/familiares/amigos é um aspeto crítico para o desenvolvimento de uma consciência alimentar adequada. É importante perceber que a obesidade infantil não tem que ser algo inevitável, justificável ou tolerável, e que todos, em várias alturas do nosso dia, podemos contribuir para que os números atuais baixem. Dessa forma estaremos a assegurar um futuro mais saudável para as crianças, que, como dizia Fernando pessoa, são mesmo o melhor do mundo!
Crianças com hábitos alimentares menos saudáveis tendem a ter um risco aumentado de sofrer de obesidade infantil.
Link do artigo: Pediatric Obesity. 2019;e12608. https://doi.org/10.1111/ijpo.12608
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