O abacate é uma fruta especial… Tem um ar discreto e um sabor suave, mas é acima de tudo a sua consistência que o permite destacar-se das restantes fruta, pois apresenta um interior cremoso e gorduroso. É exatamente por causa dos seus elevados níveis de gordura, que o abacate possui um teor de calorias superior às restantes frutas. No entanto, a gordura do abacate é maioritariamente composta por ácidos gordos insaturados (neste caso monoinsaturados), que é considerado um tipo de gordura potencialmente interessante para a nossa saúde. Além desta característica, sabe-se ainda que o abacate contém vários compostos bioativos com potencial antioxidante (mais informações sobre as antioxidantes neste post) e/ou anti-inflamatório, e que o podem tornar um bom aliado para a promoção da saúde.
Sem dúvida que um dos maiores problemas de saúde pública atuais, em especial nos países desenvolvidos, são as doenças cardiovasculares. Além de serem a principal causa de morte nesses países, podem ainda causar consequências devastadoras e permanentes em quem sofre da mesma. De todas as possíveis causas de doenças cardiovasculares, há uma que se destaca claramente, que é a aterosclerose. Esta condição está associada a níveis elevados de LDL (também conhecidas como “mau colesterol” – mais informações sobre o colesterol neste post), que ao sofrerem oxidação se acumulam nas paredes das artérias, podendo causar a sua obstrução.
A maioria das doenças cardiovasculares surge associada a quadros de aterosclerose que, por sua vez, estão relacionadas com a oxidação do chamado “mau colesterol” (LDL).
Recentemente foi publicado um artigo na revista científica The Journal of Nutrition que procurou determinar se o consumo regular de abacate, como componente de uma alimentação saudável, pode afetar os fatores de risco de aterosclerose. Observou-se que o consumo diário de 1 abacate durante 5 semanas promoveu uma descida significativa (8,8%) nos níveis de LDL oxidadas.
Estes dados parecem-me muito interessantes e importantes, na medida em que demonstram que, do ponto de vista alimentar, há sempre aspetos que podemos melhorar para diminuir o risco de doenças, nomeadamente doenças cardiovasculares. Neste caso em concreto, o consumo regular de abacate promoveu uma diminuição significativa na quantidade de LDL oxidadas, sendo que estas são consideradas o elemento desencadeador da aterosclerose. Curiosamente, o efeito observado não parece dever-se, pelo menos na totalidade, ao tipo de gordura existente nos abacates, mas sim à sua riqueza em compostos bioativos. Por isso, se gosta de abacates, consuma-os de forma regular (mas com moderação, devido ao seu elevado potencial calórico). Se não gosta, faça um esforço para os incluir no seu padrão alimentar, pois a saúde cardiovascular fica a ganhar!
O consumo regular de abacate promove uma diminuição do risco de aterosclerose.
Referência do artigo: J Nutr 2019;00:1–9