Nutrição geral

Sabia que a alimentação pode diminuir o risco de cancro da pele?

O cancro é, sem dúvida, um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade. Trata-se de uma doença complexa, cujo aparecimento, desenvolvimento e prognóstico dependem de vários fatores, genéticos e comportamentais. Nesta doença as células vão acumulando danos no seu material genético, o DNA, sendo que essa acumulação vai alterando as suas características, e a célula vai adquirindo capacidade de se dividir de forma descontrolada, e de invadir tecidos adjacentes.


Um dos fatores comportamentais que tem uma grande importância no contexto oncológico é a alimentação. São muitos os estudos científicos que têm vindo a estudar a relação entre a alimentação e o cancro, e é inegável que uma alimentação saudável, como por exemplo a Alimentação Mediterrânica, pode diminuir o risco de aparecimento de alguns cancros “mais óbvios”, nomeadamente os que afetam o sistema digestivo. De entre os fatores alimentares com um papel protetor mais relevante, destaca-se o consumo diário de quantidades significativas de alimentos de origem vegetal, tais como legumes, fruta, leguminosas e cereais integrais. Esta situação pode ser explicada por vários fatores, nomeadamente o facto destes alimentos serem ricos em micronutrientes (mais informações sobre os micronutrientes neste post), nomeadamente vitaminas e sais minerais, fibra (mais informações sobre a fibra neste post), e vários compostos bioativos com efeito antioxidante (mais informações sobre os antioxidantes neste post).

 

A alimentação é um dos fatores comportamentais que parece ter um papel muito importante na prevenção do cancro.

 


Recentemente foi publicado um artigo científico na revista American Journal of Clinical Nutrition, no qual foi analisada a relação entre a adoção de uma alimentação Mediterrânica e o risco de cancro da pele, em mulheres. Foi observado que quanto mais próximo o padrão alimentar seguido se encontrava do típico padrão Mediterrânico, mais baixo foi o risco de cancro da pele, em particular de melanoma (um dos cancros de pele mais perigosos).


Este estudo vem mais uma vez demonstrar, em primeiro lugar, que a alimentação pode de facto ter um papel importante ao nível da prevenção do cancro. Mas neste caso em particular os resultados obtidos vão mais longe, e revelam que mesmo o cancro de pele, cujo aparecimento é tipicamente relacionado com a predisposição genética e a exposição a radiação ultravioleta, também pode (em parte) ser prevenido através da alimentação. Convém não esquecer que o cancro de pele é um dos cancros mais comuns à escala global, e a sua incidência tem aumentado de forma muito significativa nas últimas décadas, pelo que os dados apresentados são particularmente importantes. Quero também deixar claro que o potencial efeito protetor da alimentação neste contexto não retira importância ao papel negativo da radiação ultravioleta. Ou seja, não é por uma pessoa ter uma alimentação saudável que pode facilitar mais, e aumentar a sua exposição à radiação UV. O ideal é minimizar essa exposição e, em simultâneo, adotar uma alimentação saudável, de preferência o mais próxima possível do “nosso” incrível padrão alimentar Mediterrânico.

 

A Alimentação Mediterrânica parece relacionar-se com um menos risco de aparecimento de cancro da pele.

 

Link do artigo: Am J Clin Nutr. 2019 Oct 1;110(4):993-1002. doi: 10.1093/ajcn/nqz173

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