Grávidas, crianças e adolescentes

A vitamina D e a saúde mental dos adolescentes…

A saúde mental é, muitas vezes, considerada quase um “parente pobre” da medicina. O facto de o diagnóstico de algumas doenças psiquiátricas não ser fácil, e serem doenças que muitas vezes têm manifestações subjetivas e acima de tudo sentidas pela própria pessoa (e nem sempre serem evidentes para os outros) justificam em parte a incompreensão e a falta de atenção dadas à saúde mental. No entanto, sabe-se que as doenças mentais são uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo, sendo que muitas delas acabam por desenvolver-se ainda durante a infância/adolescência. É, por isso, um problema muito importante que deve ser valorizado no sentido de salvaguardar uma melhor qualidade de vida para quem sofre desse tipo de problemas, bem como de todos os que o rodeiam.


Apesar de poder ser algo pouco evidente à primeira vista, nos últimos anos começou-se a perceber que a alimentação pode ter um papel muito importante na promoção da saúde mental e na prevenção de doenças como a ansiedade ou a depressão, por exemplo (mais informações sobre a relação entre a alimentação e a depressão neste post). De facto, atualmente sabe-se que há alguns alimentos que podem ajudar a diminuir o risco de depressão (mais informações sobre esses alimentos neste post e neste post), o que revela que a velha máxima “nós somos o que comemos” se aplica também à nossa saúde mental. Um dos nutrientes que mais tem sido estudado a este nível é a vitamina D (mais informações sobre a vitamina D neste post).

 

A alimentação pode ter um papel muito importante na promoção da saúde mental.

 


Recentemente foi publicado um artigo na revista científica The Journal of Nutrition, no qual foi investigada a relação entre a carência de vitamina D durante a infância e os problemas de comportamento durante a adolescência. Verificou-se que carências desta vitamina durante a segunda metade da infância promoveram um aumento nos problemas comportamentais dos adolescentes, nomeadamente um comportamento mais agressivo e mais desafiador das regras. Curiosamente, se a carência se desenvolver durante a primeira metade da infância, parece associar-se a um aumento nos níveis de ansiedade e depressão, bem como nos comportamentos agressivos.


Este estudo é particularmente interessante pois revela informações preciosas sobre a relação entre a alimentação e a saúde mental. Por um lado, torna-se evidente que a vitamina D é muito importante para o desenvolvimento e funcionamento do cérebro. Por outro lado, a manutenção de níveis adequados desta vitamina durante toda a infância, e não apenas durante alguns períodos da mesma, é fundamental para diminuir o risco de aparecimento de distúrbios mentais numa altura tão conturbada da nossa vida como é a adolescência. Obviamente que a alimentação não será o único fator importante neste contexto, mas não tenho dúvidas que é algo que deve ser valorizado. No caso particular da vitamina D, uma vez que se trata de uma vitamina pouco abundante na nossa alimentação (mais informações sobre as fontes alimentares de vitamina D neste post), é preciso ter um cuidado acrescido para evitar situações na quais as crianças (e os adultos!) não ingerem uma quantidade suficiente da mesma. A saúde mental (e física!) agradecem…

 

Carências de vitamina D durante a infância parecem aumentar o risco de problemas comportamentais durante a adolescência.

 


Referência do artigo: J Nutr 2019;00:1–9.

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