O conceito “diabetes” corresponde a um conjunto de várias doenças, com causas variadas mas que, na sua maioria, se caracterizam por uma incapacidade na utilização do açúcar por parte das nossas células, fazendo com que este tenha uma maior tendência para se acumular em quantidades elevadas no sangue (mais informações sobre a diabetes neste post). O tipo de diabetes mais frequente é a diabetes tipo 2, na qual as células se tornam resistentes à atuação da insulina, que é uma hormona que permite às mesmas captarem e utilizar o açúcar existente na corrente sanguínea. Este tipo de diabetes é maioritariamente comportamental, sendo que um estilo de vida pouco saudável e o excesso de peso/obesidade são os principais fatores de risco do mesmo. Nos últimos tempos assistiu-se a um reaparecimento da popularidade do jejum intermitente (mais informações sobre jejum intermitente neste post), muito por causa de ter sido afirmado que esse padrão alimentar cura a diabetes. Será mito, ou será verdade?
Quando se fala em jejum intermitente está-se a falar, na realidade, de um conjunto variado de padrões alimentares que compreendem períodos de tempo bem definidos nos quais não há ingestão de alimentos. Estes períodos de tempo podem ter uma duração variável, sendo que normalmente vão de 16h a 24h. Sendo um padrão no qual se promove uma diminuição da ingestão alimentar, pode ajudar a emagrecer ou a manter um peso baixo, tal como acontece como um plano alimentar tradicional de restrição calórica. Neste contexto, independentemente de ser devido a jejum intermitente ou a qualquer outra estratégia de redução do peso, podem ser observados efeitos benéficos no controlo da diabetes. Contudo, apesar de existirem alguns estudos com animais que sugerem que o jejum intermitente pode melhorar outros indicadores do estado de saúde, nomeadamente alguns parâmetros quantificáveis em análises ao sangue, esses efeitos estão ainda por provar no caso do ser humano.
O efeito do jejum intermitente na diabetes parece dever-se apenas ao facto de poder ajudar a perder peso.
Portanto, até prova em contrário não há nenhuma evidência científica robusta que comprove que o jejum intermitente possa curar a diabetes de forma específica. Esse potencial efeito parece ser apenas uma consequência do facto de, em muitos casos, a adoção desse tipo de padrão alimentar levar a uma redução da ingestão calórica e, consequentemente, diminuição de peso. Como a diabetes (tipo 2) tem como um dos principais fatores de risco o excesso de peso/obesidade, o jejum intermitente poderá ajudar a lidar melhor com a doença, mas da mesma forma que um padrão alimentar “clássico” de redução calórica o faria. Ou seja, o importante é mesmo adotar um padrão alimentar que permite que o peso se mantenha dentro de valores considerados normais. Se o mesmo é conseguido às custas de jejum intermitente ou de outro padrão qualquer não parece ser muito importante, desde que no final se fique a ganhar do ponto de vista da saúde…
