Grávidas, crianças e adolescentes

Obesidade e asma: uma relação (muito!) importante

A asma é a doença crónica mais comum na infância. O facto de ser muito frequente faz com que, por vezes, haja uma desvalorização da mesma. No entanto, trata-se de uma doença que pode comprometer de forma muito significativa a qualidade de vida de quem sofre da mesma, podendo mesmo levar à morte em casos mais extremos. Para ter uma ideia, estima-se que atualmente haja mais de 340 milhões de pessoas com asma, sendo que cerca de 1000 morrem diariamente por condições direta- ou indiretamente relacionadas com a mesma. Apesar de o conhecimento sobre a asma ser ainda de certa forma limitado, há vários fatores de risco identificados, sendo que um dos mais estudados é o excesso de peso/obesidade.


A obesidade é um gravíssimo problema de saúde pública que tem vindo a assumir proporções descontroladas em várias regiões do mundo. É um problema transversal a qualquer faixa etária, sendo que nos últimos anos se tem assistido a um aumento significativo de casos em crianças e adolescentes. Além das consequências estéticas, a obesidade afeta também de forma decisiva o bem-estar psicológico e a convivência social de quem sofre da mesma (mais informações sobre esse assunto neste post). Se a isto juntarmos todas as consequências negativas a nível físico, nomeadamente o risco aumentado de várias doenças crónicas, facilmente se percebe que a obesidade infantil é algo extremamente preocupante e que requer uma atenção especial por parte de todos nós.

 

A asma é uma doença crónica muito importante no contexto de saúde pública, que pode ser significativamente incapacitante, ou mesmo fatal.

 


Recentemente foi publicado um artigo no qual foi analisada a bibliografia científica existente acerca da relação entre o excesso de peso/obesidade infantil e a asma. Os resultados revelaram uma clara associação entre um peso superior ao normal e o risco de se vir a sofrer de asma, sendo que esta associação foi mais evidente nas meninas.


Este estudo vem chamar a atenção para algo que eu não me canso de repetir. Um excesso de peso/obesidade não é “apenas” sinónimo de ter uns kg a mais. Há muitas consequências não visíveis que, um dia mais tarde, se podem vir a manifestar. Uma dessas possíveis consequências é o aparecimento de asma. Está mais do que na hora de percebermos que um bebé ou uma criança gordinha não é algo desejável ou, muito menos, saudável. Quem lida com crianças deve ter a preocupação de garantir que o peso das mesmas se encontra dentro dos valores adequados, ou seja, nem demasiado baixo, nem demasiado elevado. Nunca é demais relembrar que uma criança obesa tem um risco muito elevado de vir a ser um adulto obeso. Eu sei que não é fácil lidar com o excesso de peso, muito menos num contexto pediátrico, mas o que está em causa é o futuro das crianças. E isso certamente que vale todo o esforço e empenho de todos nós…

 

Crianças com excesso de peso/obesidade têm um risco aumentado de vir a sofrer de asma.

 


Referência do artigo: Pediatric Obesity. 2019;e12532

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