A diabetes é um dos problemas de saúde pública mais grave da atualidade! Por ano morrem mais de 1 milhão de pessoas devido a esta doença, sendo que na última década os valores aumentaram mais de 30%, e nas últimas 4 décadas o aumento foi de cerca de 400%!!! Para ter uma ideia, estima-se que em todo o mundo existam mais de 420 milhões de pessoas com diabetes. O facto de ser uma doença silenciosa, que normalmente está associada ao aparecimento de outros problemas considerados “comuns” por muitas pessoas, tais como doenças cardiovasculares, por exemplo, faz com que haja uma tendência global para desvalorizar este problema tão sério.
Há vários tipos diferentes de diabetes (mais informações sobre a diabetes neste post), sendo que de longe o mais frequente é a diabetes tipo 2 (corresponde a mais de 90% dos casos). Este tipo de diabetes está associado a estilos de vida menos saudáveis, tais como alimentação desadequada, sedentarismo e excesso de peso/obesidade. O evento chave no aparecimento desta doença é o desenvolvimento de resistência à insulina. Esta hormona é fundamental para manter os níveis de açúcar mais baixos, e por isso é que havendo dificuldades na atuação da mesma, os valores de açúcar no sangue tendem a estar elevados. São várias as estratégias que se podem adotar para melhorar esta característica, sendo que a alimentação normalmente está na lista da frente, como potencial ajuda para a resolução do problema. Neste contexto, têm vindo a ser estudados vários nuitrientes e vários alimentos que podem ajudar a diminuir o risco de aparecimento/desenvolvimento da diabetes, nomeadamente os frutos secos gordos (frutos oleaginosos). Além de serem extremamente nutritivos, o seu consumo parece promover uma diminuição da resistência à insulina, com consequente estabilização dos valores de açúcar no sangue.
A diabetes está frequentemente associada a falhas na atuação da insulina, que é a hormona responsável por baixar os níveis de açúcar no sangue.
Recentemente foi publicado um artigo na revista científica American Journal of Clinical Nutrition, no qual foram analisados 40 estudos existentes sobre o efeito dos frutos oleaginosos nos valores de açúcar no sangue em adultos. De uma maneira geral observou-se que o consumo de 20-113g frutos secos por dia promoveu uma diminuição significativa na resistência à insulina.
Os resultados deste artigo parecem-me muito relevantes, por vários motivos. Em primeiro lugar porque, conforme referi no início deste post, a diabetes é um dos graves problemas de saúde pública mundial, e por isso qualquer estratégia que ajude a combater o mesmo deve ser encarada com bastante relevância. Em segundo lugar, porque demonstra que é possível diminuir os números assustadores da diabetes através de alterações na alimentação. Neste caso em concreto, através da inclusão de frutos oleaginosos no padrão alimentar normal. Claro que convém não esquecer que estes alimentos são extremamente calóricos (têm mais calorias do que o próprio chocolate), pelo que o seu consumo deve ser efetuado com muita moderação. Caso contrário pode-se estar a promover um aumento significativo das calorias ingeridas com possíveis consequências ao nível do peso da pessoa, sendo que o excesso de peso/obesidade são um dos principais fatores de risco para o aparecimento/desenvolvimento da diabetes. Ou seja, não basta saber o que comer, é preciso também saber quanto comer…
O consumo de frutos secos gordos parece contribuir para uma diminuição da resistência à insulina e, consequentemente, do risco de aparecimento/desenvolvimento da diabetes tipo 2.
Referência do artigo: Am J Clin Nutr 2019;109:297–314