Nutrimentos

Carência e excesso de cobre: o que pode acontecer

O cobre é um mineral indispensável para a saúde humana. Todavia, a adoção de uma alimentação variada, e com proporções adequadas dos diferentes grupos de alimentos fornece, de uma maneira geral, quantidades adequadas de cobre. Uma vez ingerido, a maior parte do cobre (cerca de 2/3) encontra-se localizado nos ossos. A restante quantidade encontra-se dispersa um pouco por todo o corpo, sendo que em média num adulto existem cerca de 50-120mg de cobre. Quando está presente em níveis elevados, o cobre em excesso é excretado através de dois mecanismos. A principal forma de excreção é através da bílis, que é lançada para o intestino, e por isso o cobre é posteriormente eliminado nas fezes. Alternativamente, também é excretado diretamente através da urina. De uma maneira geral existe um equilíbrio entre a quantidade que é absorvida a nível intestinal, e a que é excretada, de forma a garantir níveis adequados de cobre no organismo. No entanto, convém referir que há vários fatores que podem afetar este equilíbrio, nomeadamente os níveis de estrogénios (hormonas femininas), gravidez, infeção, inflamação e alguns tipos de cancro.


Uma vez que o cobre se encontra amplamente presente em vários alimentos de consumo frequente, de origem animal e vegetal, o consumo destes alimentos tende a garantir a dose diária recomendada, nos diferentes grupos populacionais. Devido a isso, as carências deste mineral tendem a ser raras, ainda que tendencialmente sejam mais frequentes do que a situação oposta, ou seja, excesso de cobre.

 

Uma alimentação variada e equilibrada fornece a quantidade suficiente de cobre para a maior parte das pessoas.

 


Quando ocorre carência de cobre, as manifestações associadas são pouco específicas, e incluem anemia, menor pigmentação na pele, níveis elevados de colesterol no sangue, osteoporose e outros problemas ósseos, mau funcionamento da tiróide, problemas na pele, falhas no metabolismo dos lípidos, ataxia (falta de coordenação) e risco aumentado de infeção. Este tipo de situação tende a ser mais frequente nalguns grupos populacionais específicos, nomeadamente: pessoas com doença celíaca, devido aos problemas globais ao nível da absorção intestinal dos vários nutrimentos; pacientes com a doença de Menke, que é uma doença genética rara que afeta os mecanismos de controlo dos níveis de cobre, particularmente ao nível da absorção intestinal do mesmo, que fica comprometida (esta doença é muito grave, sendo que se não for tratada costuma causar a morte de quem sofre da mesma em menos de 3 anos); pessoas que consomem doses elevadas de suplementos de zinco e/ou de vitamina C, pois o zinco e a vitamina C interferem com a absorção intestinal de cobre, pelo que o consumo desses suplementos deve ser sempre supervisionado por um nutricionista ou outro profissional devidamente qualificado.


Por outro lado, a presença de níveis elevados de cobre pode também ter graves consequências, estando associada a danos no fígado e manifestações gastrointestinais (dor abdominal, cãimbras abdominais, náuseas, diarreia e vómitos), fraqueza, sabor metálico na boca e tonturas. Esta condição é rara, estando frequentemente associada a falhas genéticas nos mecanismos de manutenção dos níveis de cobre no organismo. Todavia, pode também surgir em casos de consumo de água muito rica em cobre, normalmente associada à utilização de estruturas de cobre no armazenamento e distribuição da água (em média a concentração de cobre na água é de 0,7mg/L, sendo que para causar toxicidade deve ser superior a 4mg/L). Alternativamente o consumo excessivo de suplementos de cobre pode ser também uma causa dos problemas descritos. Também pacientes com a doença de Wilson apresentam um risco elevado de toxicidade com cobre, devido a falhas nos mecanismos de eliminação do cobre em excesso. Como consequência têm uma maior propensão para desenvolver problemas hepáticos e neurológicos.

 

Apesar de normalmente o cobre se encontrar em níveis adequados na maior parte das pessoas, há situações que levam a que este mineral esteja em níveis demasiado baixos ou altos, com consequências graves para a saúde.

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