Recentemente escrevi um post onde descrevi algumas das principais classes de contaminantes alimentares (pode ler esse post aqui). No post de hoje irei continuar essa listagem:
– Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP) – Os HAP são uma classe de contaminantes que surgem normalmente quando a matéria orgânica está sujeita a temperaturas elevadas. Devido a isso, estes contaminantes podem ter diferentes origens, tais como o próprio meio ambiente, a atividade industrial ou a confeção dos alimentos (mais informação sobre esse assunto aqui). De uma maneira geral, os HAP podem ter vários efeitos negativos para a saúde, sendo de destacar o seu elevado potencial carcinogénico (contribuem para o aparecimento de vários tipos de cancro).
– Poluentes orgânicos industriais (POI) – Os POI são substâncias orgânicas de origem sintética que são vulgarmente usados como pesticidas, ou então surgem como subprodutos associados à combustão industrial. Tendem a persistir no ambiente, estando globalmente distribuídos quer nos oceanos, quer no ar. Infelizmente tendem a acumular-se nos animais, afetando toda a cadeia alimentar, incluindo o ser humano. Os seus efeitos na saúde humana são muito variados, podendo causar problemas reprodutores, no sistema imunitário ou aumentar o risco de aparecimento de vários tipos de cancro. Alguns dos POI mais abundantes são o DDT, o clorpirifos, os piretróides, os bifenilpoliclorinados, os neonicotinóides, a acrilamida, entre outros. Apesar dos nomes estranhos, alguns deles encontram-se amplamente distribuídos no ambiente, sendo um grave problema de saúde pública.
– Produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais (PFCP) – Esta classe de contaminantes é muito heterogénea, podendo afetar as cadeias alimentares e/ou as redes de água. Os antibióticos utilizados na produção animal são possivelmente o tipo de PFCP mais perigoso, pois são utilizados em grande quantidade à escala mundial, aumentando de forma dramática o risco de aparecimento de bactérias resistentes, bem como causando efeitos diretos na saúde humana, tais como problemas endócrinos.
Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, os poluentes orgânicos industriais e os produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais são alguns dos exemplos de contaminantes que, ao serem lançados par ao meio ambiente, acabam por surgir nas cadeias alimentares.
– Elmentos radioativos – A maior parte dos elementos radioativos não existe naturalmente e a contaminação ambiental acaba por ser o resultado da exposição a resíduos industriais (de centrais nuclares, por exemplo) e/ou a armas nucleares. Nos últimos anos têm sido descobertos elementos radioativos em diferentes alimentos um pouco por todo o mundo, sendo que estes podem aumentar significativamente o risco de aparecimento de várias doenças, nomeadamente vários tipos de cancro.
– Lixo eletrónico – Este é um dos grandes problemas da sociedade atual, pois devido ao boom de utilização de equipamentos eletrónicos, há cada vez mais lixo eletrónico (também conhecido como e-lixo). Problemas associados a um processamento incompleto ou incorreto destes equipamentos, como por exemplo uma combustão inclompleta, tendem a libertar vários tipos de poluentes diferentes, nomeadamente POI.
– Nanopartículas – Este é mais um tipo de de contaminante moderno. Por definição, as nanopartículas são partículas com dimensões inferiores a 100nm, sendo que o desenvolvimento das mesmas tem-se revelado um dos avanços científicos mais promissores dos últimos tempos para áreas tão diversas como a saúde, a cosmética, ou até a indústria química ou a indústria têxtil. O impacto que a exposição ambiental das plantas e animais a nanopartículas pode ter está ainda (muito) longe de estar bem esclarecido, mas tem sido demonstrado que estas têm a capacidade de se propagar ao longo da cadeia alimentar, tendo sido já encontradas em muitos alimentos diferentes.
Além dos contaminantes radioativos, também o lixo eletrónico e as nanopartículas têm vindo a assumir um papel de destaque na lista de contaminantes mais frequentemente encontrados em diversos tipos de alimentos.
Concluindo, há inúmeros contaminantes ambientais que têm potencial para se acumular nos seres vivos e, consequentemente, aparecer nos alimentos. Com estes posts pretendi dar a conhecer apenas os principais, mas há muitos mais para além dos referidos. Apesar de terem uma composição química muito variada, e terem diferentes origens, há um denominador comum a todos eles: podem ter um impacto significativo (e negativo!) na saúde humana. Conhecer os perigos a que estamos expostos é o primeiro passo para tentar minimizar o impacto dos mesmos…