A contaminação alimentar é um assunto particularmente relevante, sobre o qual tive oportunidade de escrever recentemente (mais informações sobre contaminação alimentar neste post). Como deve imaginar, a variedade de contaminantes que podem existir nos alimentos é enorme, não só ao nível da sua identidade, mas também da sua origem. Conhecer os principais contaminantes, e a forma como estes aparecem nos alimentos parece-me algo particularmente relevante, de forma a ser possível tonar melhores decisões alimentares e, se possível, de forma a minimizar os riscos de contaminação nos alimentos. Fatores como as propriedades do solo, a atividade humana, a presença de poluentes ambientais, ou uma má escolha de materiais que contactam com os alimentos são, possivelmente, os principais fatores que levam à contaminação alimentar. Apesar de existir uma quantidade enorme de contaminantes diferentes, há alguns que merecem destaque, não só pelo perigo que representam, mas também pela sua abundância:
– Metais pesados – Os metais pesados são uma classe de contaminantes alimentares muito importante, e que tem origem na contaminação ambiental. Dentro desta classe, destacaria o chumbo, mercúrio, cobre, arsénio e cádmio. Possivelmente a principal fonte ambiental de metais pesados são as atividades mineiras. É frequente o solo e os cursos de água localizados nas proximidades das minas apresentarem níveis muito elevados desses metais. Consequentemente, os seres vivos que habitam essa região (plantas, peixes, animais) podem acumular metais pesados, bem como a própria água, o que faz com que se tornem uma fonte alimentar dos mesmos, se forem consumidos pelo ser humano. Outra possível fonte de metais pesados é a atividade industrial, pois muitas vezes estes fazem parte dos resíduos libertados para o ambiente. As consequências associadas à exposição a metais pesados são muito variadas, tais como toxicidade e falência de órgãos, até a um aumento do risco de aparecimento de alguns tipos de cancro.
Os metais pesados são uma classe particularmente perigosa de contaminantes alimentares, que resulta normalmente de atividades mineiras ou industriais.
– Plásticos – Nunca tanto como agora se deu tanta atenção ao plástico, principalmente devido ao seu impacto ecológico. Estima-se que anualmente cheguem aos oceanos entre 0,8 e 2,5 milhões de toneladas de microplásticos! Apesar de esse ser um gravíssimo problema, os plásticos podem também ter um efeito dramático ao nível da contaminação alimentar (mais informação sobre os plásticos e a alimentação neste post). De facto, a maior parte do plástico que atinge os diferentes ecossistemas pode acumular-se nos seres vivos, e propagar-se ao longo das cadeias alimentares. Além disso, atualmente é quase impossível evitar que os alimentos não contactem diretamente com plástico (mais informações sobre esse assunto neste post). Por muito que haja quem defenda que alguns plásticos são inertes, não acredito que isso seja 100% verdade, havendo uma libertação de componentes para comidas e bebidas. Os ftalatos e o bisfenol A são dois exemplos de contaminantes provenientes do plástico que já foram encontrados várias vezes em produtos alimentares (e não só!). Fatores como a temperatura, a humidade, a acidez, a exposição à luz, ou o tempo de armazenamento podem ser aspetos particularmente importantes no grau de contaminação obtido. As consequências associadas à exposição a estes contaminantes são variadas e incluem problemas endócrinos, problemas reprodutivos, e maior risco de aparecimento de várias doenças crónicas, incluindo alguns tipos de cancro.
Os plásticos representam uma classe de contaminantes muito perigosa, não só por causa das suas consequências, mas também porque são extremamente abundantes no contexto alimentar.
Há ainda algumas classes importantes de contaminantes alimentares que não foram referidas neste texto, e por isso em breve irei escrever outro post para continuar a a listagem dos principais contaminantes existentes nos alimentos…