A infertilidade é um problema de saúde que, apesar de ser considerado tabu para muita gente, é bastante frequente. Na realidade, as estimativas atuais da Organização Mundial de Saúde apontam para que possa afetar cerca de 15% da população mundial. Quando se fala em infertilidade, fala-se de um problema que tanto pode afetar homens como mulheres, e que pode ter consequências devastadoras não só para a pessoa que sofre do problema, mas para a dinâmica do casal afetado. Para muitas pessoas, ter filhos é um dos grandes objetivos da sua vida (se não mesmo o maior!), e perceber que, biologicamente, não se irá conseguir atingir esse objetivo pode deixar marcas profundas…
Em relação à infertilidade masculina, genericamente esta pode dever-se à diminuição da produção de espermatozóides ou à menor funcionalidade dos mesmos. Globalmente, há estudos que apontam para uma diminuição significativa da produção/funcionalidade de espermatozóides nos últimos 40 anos. Se a isto somarmos a idade mais tardia com que os jovens são atualmente pais, e a diminuição do número de filhos por casal, então percebemos que se trata de um problema potencialmente grave em relação à própria manutenção e renovação da espécie humana. São muitos os fatores que podem estar envolvidos nesta diminuição da qualidade do esperma. Há vários estudos que sugerem que o stress, o consumo de fármacos, de drogas ou de álcool podem ser, de facto, elementos chave a esse nível. Além destes, há outro que eu gostaria de destacar e que me parece particularmente importante: a alimentação! São muitos os estudos que têm vindo a ser desenvolvidos sobre a relação entre a alimentação e a qualidade do esperma, com alguns resultados interessantes e promissores.
A infertilidade masculina tem vindo a aumentar nas últimas décadas. Fatores como o stress, o consumo de fármacos, drogas ou álcool, e uma alimentação menos cuidada parecem ser fundamentais para a qualidade do esperma.
Recentemente foi publicado um artigo na revista científica Advances in Nutrition que procurou integrar todos os artigos publicados sobre os efeitos da alimentação na qualidade do esperma. Foi observado que há algumas substâncias que parecem ser potencialmente benéficas quer para a contagem de espermatozóides, quer para a sua funcionalidade, nomeadamente a gordura ómega-3, a coenzima Q10, o selénio e o zinco.
Parece-me óbvio que a alimentação possa ter um papel importante ao nível da qualidade do esperma. Aliás, a alimentação tem um papel fundamental em (quase) todas as nossas características, e por isso é que o mundo da nutrição é algo que não pára de me surpreender e de me motivar a querer aprender sempre, todos os dias… Em relação à fase pré-fecundação, quando um casal decide começar a tentar ter filhos, os holofotes nutricionais tendem a estar todos sobre a mãe, havendo recomendações muito importantes, tais como a suplementação com ácido fólico, por exemplo. Mas esta visão corresponde apenas a 50% da possibilidade de intervenção. Deve existir igualmente um aconselhamento nutricional para o futuro pai, no sentido de otimizar a qualidade do esperma e, com isso, tornar mais provável a ocorrência da gravidez. Em relação a este tema, não posso deixar de pensar que se a alimentação pode ter um impacto importante ao nível da quantidade e da funcionalidade dos espermatozóides, eventualmente poderá também ter impacto ao nível de outras propriedades dos mesmos e, consequentemente, ao nível das características da nova vida que se irá formar. E se assim for, a alimentação pode ser um aliado fundamental para o bebé, não só antes deste nascer, mas mesmo antes de sequer existir…
Fatores nutricionais como a gordura ómega-3, conzima Q10, selénio ou zinco podem ter um papel muito importante ao nível da qualidade do esperma.