Seja novo, ou menos novo, ninguém gosta de ficar doente! Mas pior do que estarmos doentes, é vermos aqueles de quem mais gostamos doentes. Como é óbvio, estou a falar das crianças… Não há nada pior do que ver um filho/neto/sobrinho doente, pois a certa altura a sensação de impotência vai levar a melhor, e mesmo inconscientemente uma pessoa questiona-se se a sua função de protetor estará a ser bem desempenhada… Durante a infância, a altura em que as doenças infeciosas são mais frequentes é a idade pré-escolar. De uma maneira geral toda a gente sabe que a ida das crianças para o jardim de infância é (quase sempre) sinónimo de aparecimento de gastroenterites, amigdalites, otites, e outras “ites”… E são várias as justificações para tal acontecer, sendo que há duas que me parecem mais importantes. Em primeiro lugar, porque o sistema imunitário das crianças nessa faixa etária ainda se está a desenvolver, e por isso é perfeitamente normal que estas estejam mais vulneráveis a várias bactérias e vírus. Em segundo lugar, porque no jardim de infância as crianças brincam e contactam umas com as outras, e por isso a probabilidade de uma criança estar doente e contaminar os colegas é elevada. Não tenho dúvidas que o contacto das crianças com diferentes agentes causadores de doença é fundamental para o correto desenvolvimento do sistema imunitário da criança, mas o ideal seria que esse contacto não provocasse as tradicionais consequências: vómitos, diarreias, febre, dores, …
São várias as estratégias que se podem adotar para tentar minimizar as consequências das doenças nas crianças. Talvez a principal passe por tentar que a criança tenha um estilo de vida saudável. E este conceito de “estilo de vida saudável” não é fácil de definir, mas independentemente da definição, deve sempre contemplar uma coisa: uma alimentação equilibrada e adequada às características da criança! Atualmente começa-se a perceber que a composição da microbiota intestinal (mais informações sobre a microbiota intestinal neste post) pode ter um impacto enorme na saúde de qualquer pessoa. As formas mais eficazes de se promover um equilíbrio intestinal saudável é através do consumo de alimentos com propriedades de probióticos e/ou prebióticos (mais informações sobre os probióticos e os prebióticos neste post). Por exemplo, sabe-se que o leite materno contém na sua composição prebióticos, e que estes parecem ser muito importantes no estabelecimento de uma microbiota intestinal saudável nos bebés. Devido a isso, as marcas que comercializam leite para bebés têm apostado no enriquecimento das suas fórmulas com alguns prebióticos. Em breve irei escrever com mais detalhe sobre este assunto em particular…
As crianças em idade pré-escolar estão frequentemente doentes, pois o seu sistema imunitário ainda se encontra em desenvolvimento. Uma das formas de tentar minimizar as consequências dessas doenças passa por garantir um estilo de vida mais saudável, que contemple, obviamente, uma alimentação adequada.
Recentemente foi publicado um estudo na revista Journal of Nutrition, no qual se investigou qual o efeito de um consumo aumentado de fibra com efeito prebiótico, por parte de crianças com 3-6 anos, na composição da sua microbiota intestinal e na frequência de doenças infeciosas. Os resultados obtidos revelaram que houve uma diminuição significativa dos episódios de febre e de sinusite. Verificou-se também que as crianças que consumiram prebióticos apresentaram uma maior quantidade de Bifidobactérias e de Lactobacilos no seu intestino, que são bactérias consideradas benéficas para a nossa saúde.
Este estudo apresenta dados muito interessantes que revelam o poder que a nossa alimentação tem a vários níveis. Normalmente pensa-se na importância da alimentação ao nível da energia, da composição corporal ou do crescimento, e apesar de todos esses aspetos serem importantes, a alimentação é muito mais do que isso. A alimentação é algo que nos define como um todo, e por isso o seu impacto em (quase) todas as nossas características não pode nem deve ser desvalorizado! A tendência atual é de alguma despreocupação com a componente nutricional da alimentação nos mais novos, e de valorizar mais essa característica na idade adulta, e isso parece-me claramente errado. Todas as fases da vida dependem de uma alimentação adequada, sendo que os alicerces, as bases nas quais construímos o nosso futuro são criadas nos primeiros tempos de vida. Saber escolher corretamente os alimentos, saber combiná-los, quantificá-los e prepará-los de forma a tirar o máximo partido de tudo o que de bom a alimentação nos tem para oferecer deve ser uma prioridade, principalmente quando lidamos com crianças!
O consumo de alimentos com propriedades prebióticas deve ser valorizado, na idade pré-escolar, pois parece estar associado a uma diminuição significativa dos episódios de febre e sinusite, bem como a uma composição intestinal mais saudável.