A perda de audição associada à idade é um problema comum que afeta muitos milhões de pessoas em todo o mundo. Pode apresentar diferentes gravidades, sendo que, independentemente disso, acaba sempre por ter impacto no dia-a-dia de quem sofre desse problema. Adicionalmente, sabe-se que a perda auditiva é um fator de risco para depressão e perdas cognitivas. Na maior parte das vezes trata-se de um problema irreversível, pelo que mais importante do que tentar tratá-lo, deve-se tentar preveni-lo. São vários os fatores que se sabe que podem ter algum tipo de influência na preservação da capacidade auditiva, sendo de destacar a alimentação. Apesar disso, ainda se sabe muito pouco sobre como é que a alimentação pode atuar especificamente sobre a audição.
Há vários possíveis mecanismos envolvidos na manutenção da capacidade auditiva por parte da alimentação, nomeadamente a preservação do fluxo sanguíneo nas diferentes estruturas do ouvido, e a diminuição da inflamação. Apesar disso, infelizmente ainda não é possível transformar totalmente estas informações em conselhos práticos e dicas para alterar a alimentação.
A perda auditiva é uma consequência frequente do envelhecimento. De entre os fatores envolvidos no aparecimento desse problema, encontra-se a alimentação.
Recentemente foi publicado um estudo na revista Journal of Nutrition, no qual se procurou perceber se existia alguma relação entre a perda auditiva e a adesão a um padrão alimentar saudável. Neste trabalho foram investigados três padrões alimentares diferentes: alimentação Mediterrânica, dieta DASH (dieta desenvolvida para combater a hipertensão) e a dieta AHEI-2010 (dieta desenvolvida nos Estados Unidos da América de forma a melhorar a qualidade nutricional da alimentação). Este estudo contou com a colaboração de quase 71000 participantes. Os resultados não deixaram grandes margens para dúvidas, pois globalmente foi observado que a adoção de um padrão alimentar saudável promoveu uma diminuição de cerca de 30% do risco de desenvolvimento de perda auditiva.
Confesso que quando li o título deste artigo pensei logo: “Tenho que publicar algo sobre isto no blog!”. Todos nós sabemos que a alimentação tem um impacto enorme ao nível de vários problemas de saúde diferentes (doenças cardiovasculares, diabetes, cancro, etc.), mas a perda auditiva não me parece algo que à primeira vista pudesse ser intuitivamente relacionado com a alimentação. Não estou surpreendido com a relação demonstrada, mas é algo em que eu, por exemplo, nunca tinha pensado. Cada vez me sinto mais rendido à perspetiva de que, na realidade, a nossa vida é um somatório de pequenos detalhes, e que cada um desses detalhes pode ter um impacto importante na forma como a mesma se vai desenrolando. É como se a vida fosse na realidade uma espécie de jogo, e cada vez que se faz algo certo ganhamos pontos, e cada vez que se faz algo errado perdemos pontos. O nosso destino depende depois do somatório entre todos os pontos ganhos e todos os pontos perdidos. É caso para dizer, nós somos (mesmo!) o que comemos…
Uma alimentação saudável é sinónimo de melhorias significativas na saúde a vários níveis. Em relação à perda auditiva, parece ter um impacto muito importante ao nível da sua prevenção.
