Resumir num único post todas as formas de consumir bacalhau é uma tarefa impossível. Por isso, o objetivo deste post não vai ser descrever essas formas de uma maneira exaustiva, mas sim dar algumas dicas e/ou sugestões para poder tirar partido de tudo o que de bom o bacalhau lhe pode oferecer.
O primeiro aspeto que deve ter em consideração é a escolha do bacalhau. Se comprar bacalhau fresco deve ter em atenção o cheiro. Se notar que o cheiro é de certa forma desagradável não compre, pois significa que muito possivelmente não é fresco. O bacalhau fresco é particularmente sensível às mudanças de temperatura, por isso deve garantir que antes da confeção o mesmo é mantido sempre a uma temperatura baixa (de preferência em gelo). Em relação ao bacalhau seco, deve evitar comprar bacalhau com manchas, pois isso pode significar que existe algum tipo de contaminação com bactérias e/ou fungos. Outro aspeto a que deve estar particularmente atento é à humidade do bacalhau, essencialmente por causa de dois motivos. Em primeiro lugar, porque como é óbvio, se o bacalhau estiver húmido vai ficar mais pesado, o que significa que vai pagar água ao preço de bacalhau. Em segundo lugar, e possivelmente mais importante, a humidade aumenta claramente o risco de crescimento de bactérias e fungos, ou seja, aumenta o risco de contaminação do bacalhau. O bacalhau seco deve ser demolhado a uma temperatura o mais baixa possível. Há quem o faça num recipiente dentro do frigorífico, ou então colocando gelo, ou objetos congelados dentro da água (acumuladores, garrafas com água congelada, …). Mais uma vez a temperatura baixa vai diminuir o risco de aparecimento de contaminações, bem como de alterações bioquímicas que possam surgir no bacalhau. Além da temperatura, deve também valorizar as trocas de água e a quantidade de água que utiliza, sendo que o ideal é efetuar várias trocas de água e utilizar uma quantidade abundante da mesma (não apenas para cobrir o bacalhau). Por fim, depois de demolhado, está pronto para consumir, ou então para congelar.
Opte por escolher bacalhau sem manchas e com a menor quantidade possível de humidade, para garantir um menor risco de contaminação do mesmo. Na altura de demolhar o bacalhau, faça-o a temperaturas baixas.
A versatilidade do bacalhau é algo que me fascina! Há inúmeros pratos e inúmeras combinações que podem ser feitas com o nosso “fiel amigo”, sendo que todas elas têm uma característica comum: ficam deliciosas! O bacalhau pode ser confecionado em postas/lombos, pode ser desfiado, pode ser cozido, estufado, assado, grelhado, mas as suas lascas e o seu inconfundível sabor tornam-no num dos alimentos mais apreciado pelos Portugueses. E a versatilidade do bacalhau não termina aqui, pois as combinações com outros alimentos são quase infindáveis. Desde os tradicionais acompanhamentos arroz, massa e batata, passando pelo pão, pela boroa, por hortícolas como a couve Portuguesa, o alho, a cebola, a cenoura ou os brócolos, e terminando em acompanhamentos mais improváveis como quinoa, queijo, ou cogumelos, o bacalhau acaba sempre por sobressair. Não poderia deixar passar esta oportunidade sem deixar uma informação que me parece importante, o bacalhau não deve ser demasiado cozinhado, pois se isso acontecer tem tendência a perder a substância gelatinosa que está localizada entre as lascas. Tente perceber qual é o tempo adequado de confeção do bacalhau e vai ver que os seus pratos vão ficar ainda mais deliciosos.
Para terminar, quando se fala em consumo de bacalhau, há um alimento que acaba por vir à memória, e quase sempre pelos piores motivos: o óleo de fígado de bacalhau! Este alimento, que era o pesadelo de qualquer criança até há algumas décadas, é, na realidade, um alimento com uma composição nutricional fantástica, principalmente devido à sua riqueza em vitaminas lipídicas e gordura insaturada. Foi graças ao consumo de óleo de fígado de bacalhau que muitas crianças não sofreram de várias doenças, nomeadamente de raquitismo. É um daqueles casos onde se deve inverter um célebre ditado popular, e dizer “troca-se o mal que sabe pelo bem que faz”…
