Provavelmente já ouviu falar (muito!) em prebióticos ou probióticos, pois felizmente são duas palavras que têm vindo a ganhar gradualmente importância no contexto alimentar. E digo felizmente pois na minha opinião quer uma quer outra dizem respeito a aspetos muito importantes da nossa alimentação, devido ao impacto que podem ter no funcionamento do nosso corpo. Já no caso dos simbióticos, normalmente não são tão conhecidos, mas conforme vai ler neste post, não é um conceito difícil de perceber…
Mas vamos começar pelo princípio. Conforme já referi anteriormente aqui no blog, o nosso intestino é habitado por milhões de bactérias (chamadas de microbiota intestinal), que vivem em comunidade e em equilíbrio com as nossas células (mais informações sobre este assunto aqui). Claro que no meio de tantas bactérias, há algumas que são potencialmente perigosas para nós. Além disso, como em qualquer comunidade, há sempre desafios e problemas que devem ser superados de forma a manter a harmonia e o equilíbrio entre as diferentes populações. É isto mesmo que acontece no nosso intestino! Ou seja, não basta dizer apenas que temos milhões de bactérias a viver em comunidade, temos que criar condições para que o equilíbrio entre elas seja adequado. E há essencialmente duas formas de contribuirmos para que tal aconteça. Obviamente que uma das formas passa por alimentar corretamente as bactérias. Na realidade, se eu não as alimentar de forma adequada, vou favorecer o aparecimento de desequilíbrios, que podem causar problemas (muito graves!) para a saúde. Como as bactérias vivem principalmente no intestino grosso, há um problema para resolver: como é que as podemos alimentar corretamente se antes de os nutrientes chegarem ao intestino grosso, são absorvidos no intestino delgado? A resposta é fácil de dar, pois há um tipo de nutriente que nós ingerimos e que não é digerido e absorvido a nível intestinal. Estou a falar da fibra alimentar. Recentemente escrevi alguns posts sobre a fibra (pode ler esses posts aqui e aqui), tendo referido que há um tipo de fibra, chamada de fibra solúvel, que é exatamente utilizada como alimento pelas bactérias intestinais. E os prebióticos são isso mesmo, moléculas que servem de alimento para as bactérias intestinais. De uma maneira geral, as frutas e os hortícolas contêm prebióticos na sua composição, sendo de destacar a este nível a maçã (que contém pectina) e a aveia (que contém glucanos).
Os prebióticos são fibras solúveis que servem para alimentar a microbiota intestinal. Dessa forma consegue-se promover um equilíbrio saudável, que terá reflexos não apenas a nível intestinal mas também a nível do organismo como um todo.
Por outro lado, é também possível consumir os chamados probióticos. Neste caso não estou a falar do alimento para as bactérias intestinais, mas sim das próprias bactérias intestinais! Sim, é isso mesmo, os probióticos são alimentos que contêm bactérias benéficas vivas, sendo que algumas dessas bactérias vão passar a fazer parte da comunidade intestinal. Ou seja, os probióticos são alimentos vivos. O iogurte é o probiótico mais comum, mas existem muitos mais, como por exemplo o kefir (pode ler mais sobre o kefir neste post), caspian, kombucha, villi, vegetais fermentados, etc.
Os probióticos são alimentos (ou suplementos) que possuem na sua composição bactérias que irão colonizar o intestino. Têm, por isso, benefícios para a saúde da pessoa que os consome.
Portanto, os prebióticos são o alimento, e os probióticos são as bactérias. Será que algum deles é mais importante do que o outro? A resposta parece-me óbvia: não! O ideal é consumir probióticos, mas ao mesmo tempo consumir prebióticos para alimentar corretamente as bactérias. E é exatamente neste conceito que se baseiam os simbióticos, que são compostos por prebióticos e por probióticos. E não pense que se trata de produtos estranhos, que devem ser comprados em farmácias (apesar de lá também os encontrar…). Por exemplo, um iogurte com flocos de aveia, ou um batido de kefir com maçã são excelentes simbióticos! Conhecer o que de bom os alimentos podem dar é meio caminho andado para fazer melhores escolhas e combinações alimentares. A sua saúde agradece…