Um dos temas que mais tem dividido as opiniões dos nutricionistas é o consumo de ovos. Lembro-me de ser pequeno e de ouvir os meus pais dizerem que só se devia comer um ovo por semana. E na realidade era isso que era defendido há alguns anos, pois sendo o ovo um alimento rico em colesterol, sempre se pensou que um consumo significativo pudesse, de facto, ter um impacto negativo ao nível cardiovascular. Entretanto a situação parece estar a inverter-se completamente, havendo pessoas que consomem muitos ovos diariamente, e alegando que têm os níveis de colesterol no sangue perfeitamente normais. Ora bem, o que dizer sobre tudo isto? Tal como em todos os assuntos da nutrição, as características individuais parecem ser um fator chave na forma como a alimentação podem influenciar os níveis de colesterol sanguíneo. Obviamente que as recomendações de comer 1-2 ovos por semana me parecem demasiado restritivas, e, para grande maioria das pessoas, desajustadas da realidade. As evidências científicas mais recentes têm revelado que a associação entre o consumo de ovos e o risco de doença cardiovascular é, na realidade, muita fraca (havendo até vários estudos que revelam um efeito protetor por parte dos ovos). Por outro lado, um consumo desregrado de ovos (ou de qualquer outro tipo de alimento) pode também não ser a melhor estratégia alimentar… Uma coisa é certa, as recomendações que limitavam o consumo de colesterol diário têm vindo a ser eliminadas pelas grandes instituições internacionais (exceto em casos de pessoas com níveis elevados de colesterol!).
Em linha com estas informações, recentemente foi publicado um estudo na revista American Journal of Clinical Nutrition no qual se procurou perceber se o consumo de uma dieta de perda de peso, rica em ovos, em pessoas com diabetes tipo 2, afetava a saúde cardiovascular das mesmas. A dieta rica em ovos compreendia o consumo de 2 ovos diariamente durante 12 meses, sendo que os resultados foram comparados com uma dieta pobre em ovos (menos de 2 ovos por semana). O consumo total de calorias e de proteína foi igual em ambos os grupos. Os resultados obtidos revelaram que o consumo de uma dieta rica em ovos não pareceu afetar os marcadores de saúde cardiovascular analisados (concentração de colesterol total, concentração do chamado “bom colesterol” e do “mau colesterol”, concentração de triglicéridos, marcadores inflamatórios e níveis de glucose).
Apesar de eu não ser um defensor de um consumo desregrado de ovos, este estudo mostra que o conhecimento atual sobre esse assunto deve continuar a ser revisto, e a evoluir no sentido de liberalizar bastante mais o consumo desse alimento. Por exemplo, atualmente há ainda muita gente que acredita que pessoas com diabetes tipo 2 devem diminuir o consumo de ovos, mas este estudo vem provar exatamente o contrário. Ou seja, em relação ao consumo de ovos, aparentemente o facto de a pessoa ter diabetes parece não ser relevante. No entanto, convém não esquecer que infelizmente em muitas pessoas com diabetes existe algum grau de insuficiência renal, e se isso acontecer, o consumo de ovos deve ser rigorosamente controlado. Não por causa do colesterol mas sim por causa da proteína. Em Portugal ainda existe muito a ideia de considerar o ovo um “acompanhamento” da carne ou do peixe (basta pensar no célebre “bife com ovo a cavalo”, ou na posta de peixe cozido com ovo). Na realidade, o ovo deve ser encarado como um substituto da carne ou do peixe, pelo menos nos casos de pessoas que devem ter mais atenção em relação ao consumo de proteínas. Nesse sentido, e respondendo à pergunta que serviu de título a este post, as limitações para o consumo de ovos devem seguir as mesmas regras que as limitações para o consumo de carne ou peixe, não por causa do seu conteúdo em colesterol, mas sim por causa da quantidade de proteína (e outros nutrientes) que fornecem.
Em linha com estas informações, recentemente foi publicado um estudo na revista American Journal of Clinical Nutrition no qual se procurou perceber se o consumo de uma dieta de perda de peso, rica em ovos, em pessoas com diabetes tipo 2, afetava a saúde cardiovascular das mesmas. A dieta rica em ovos compreendia o consumo de 2 ovos diariamente durante 12 meses, sendo que os resultados foram comparados com uma dieta pobre em ovos (menos de 2 ovos por semana). O consumo total de calorias e de proteína foi igual em ambos os grupos. Os resultados obtidos revelaram que o consumo de uma dieta rica em ovos não pareceu afetar os marcadores de saúde cardiovascular analisados (concentração de colesterol total, concentração do chamado “bom colesterol” e do “mau colesterol”, concentração de triglicéridos, marcadores inflamatórios e níveis de glucose).
Apesar de eu não ser um defensor de um consumo desregrado de ovos, este estudo mostra que o conhecimento atual sobre esse assunto deve continuar a ser revisto, e a evoluir no sentido de liberalizar bastante mais o consumo desse alimento. Por exemplo, atualmente há ainda muita gente que acredita que pessoas com diabetes tipo 2 devem diminuir o consumo de ovos, mas este estudo vem provar exatamente o contrário. Ou seja, em relação ao consumo de ovos, aparentemente o facto de a pessoa ter diabetes parece não ser relevante. No entanto, convém não esquecer que infelizmente em muitas pessoas com diabetes existe algum grau de insuficiência renal, e se isso acontecer, o consumo de ovos deve ser rigorosamente controlado. Não por causa do colesterol mas sim por causa da proteína. Em Portugal ainda existe muito a ideia de considerar o ovo um “acompanhamento” da carne ou do peixe (basta pensar no célebre “bife com ovo a cavalo”, ou na posta de peixe cozido com ovo). Na realidade, o ovo deve ser encarado como um substituto da carne ou do peixe, pelo menos nos casos de pessoas que devem ter mais atenção em relação ao consumo de proteínas. Nesse sentido, e respondendo à pergunta que serviu de título a este post, as limitações para o consumo de ovos devem seguir as mesmas regras que as limitações para o consumo de carne ou peixe, não por causa do seu conteúdo em colesterol, mas sim por causa da quantidade de proteína (e outros nutrientes) que fornecem.