Alimentos

Riscos associados ao consumo de mel

O consumo de mel não está isento de riscos, aliás, como acontece com todos, ou quase todos os alimentos. De qualquer das formas, globalmente o mel é considerado um alimento seguro, quer ao nível do consumo como alimento, quer ao nível da sua aplicação na pele e couro cabeludo (mais informações neste post). No entanto, no caso do mel em particular, existem algumas situações que devem ser valorizadas, ainda que muitas delas sejam relativamente raras.
Por exemplo, o consumo de mel pode ser inadequado no caso de pessoas que tenham alergias ao pólen ou outras substâncias derivadas de abelhas. Além disso, casos de alergias específicas a algumas plantas podem também impedir o consumo de mel. Se após o consumo do mel sentir problemas respiratórios, tosse, dificuldade em engolir, inflamação dos lábios ou língua, comichão, suores, entre outras reações, deve evitar o seu consumo.
Sendo maioritariamente composto por açúcares, o mel pode não ser indicado em casos de incapacidade de manter os níveis de açúcar no sangue dentro dos valores normais. Estou a falar em pessoas com diabetes, por exemplo, mas também em pessoas que consumam medicamentos, suplementos ou produtos naturais que afetem os níveis de açúcar no sangue. Em todas estas situações, deve estar atento a esses níveis.
O mel pode aumentar o risco de sangramentos em pessoas com problemas na coagulação sanguínea, tais como, por exemplo, pessoas com hemofilia ou que consumam medicamentos com função anticoagulante (os medicamentos que se diz que servem para “tornar o sangue mais fino”, como por exemplo, aspirina, ibuprofeno, naproxeno, anticoagulantes, heparina, …). Este efeito aplica-se também ao consumo de suplementos alimentares que aumentem o risco de sangramento, tais como os suplementos ricos em ginkgo biloba, alho ou palmito.
Pode ainda causar diminuição da pressão sanguínea, o que significa que pessoas que estejam medicadas para a hipertensão devem estar atentas para perceber se toleram, ou não, o mel. Além disso, o mel pode interferir também com a atuação de vários outros medicamentos, uma vez que pode alterar a capacidade de o fígado processar esses medicamentos. Devido a isso, a concentração dos medicamentos no sangue pode tornar-se maior ou menor do que o esperado, e, consequentemente, haver alterações na eficácia e nos efeitos secundários dos mesmos. É de destacar também que existem vários suplementos e produtos naturais que são igualmente processados no fígado e que, também nesses casos, o mel pode alterar os seus efeitos.
O consumo de mel encontra-se envolvido nalgumas crenças populares, nomeadamente a ideia de que não se deve comer mel enquanto se está grávida ou enquanto se está no período de amamentação. Apesar de o mel poder conter, nalguns casos, contaminantes perigosos, essa situação acontece virtualmente com qualquer alimento, portanto até prova em contrário não existe contraindicação do consumo de mel durante essas etapas da vida de uma mulher.
Em relação aos bebés, conforme referi neste post, o consumo de mel não deve ocorrer antes dos 12 meses de idade. Na minha opinião o ideal será não o introduzir na alimentação antes dos 18 meses. O problema do consumo do mel em fases precoces da nossa vida deve-se à imaturidade do sistema imunitário e do sistema digestivo, e à possível incapacidade de lidar com potenciais ameaças que possam existir no mel. De longe o maior risco prende-se com o botulismo (que é uma doença muito grave que pode ser fatal!), uma vez que o mel pode conter esporos causadores da doença. No caso de uma criança maior, ou de um adulto, o seu consumo não é problemático porque os sistemas digestivo e imunitário destroem os esporos antes que a doença se possa manifestar, mas um bebé pode não ter ainda essa capacidade. Por isso por favor não coloque um bocadinho de mel na chupeta do seu filho para o acalmar, pois pode estar a colocá-lo em risco…
Obviamente que se o seu objetivo for perder peso, ou manter um peso baixo, o mel deve ser consumido com muita moderação, pois é um alimento bastante calórico (100g têm cerca de 300kcal). Apesar de ser líquido, é muito denso, o que significa que não é muito difícil ingerir uma quantidade elevada de mel…
Outro aspeto que me parece importante destacar, é a quantidade de frutose existente no mel. Cerca de metade do açúcar presente no mel é frutose, ou seja uma colher de chá tem cerca de 4g de frutose, sendo que a quantidade máxima de frutose que deve ser ingerida diariamente não deve ultrapassar 25g (supostamente)… Apesar de existir ainda alguma controvérsia relacionada com este tema, atualmente acredita-se que o consumo excessivo de frutose pode aumentar o risco de obesidade, diabetes, entre outras doenças crónicas. Portanto, o consumo de mel está associada a vários potenciais benefícios, mas, como tudo na vida, deve ter-se o cuidado de evitar excessos…

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