Vamos ser sinceros… Resistir às tentações alimentares com que se lida diariamente não é tarefa fácil. Aliás, para muitas pessoas infelizmente é uma tarefa (quase) impossível! Sejam doces, salgados, quentes, frios, etc., há tentações em quase todos os locais, e a força de vontade nem sempre é a adequada. E se se pensar no caso das crianças, percebe-se que a capacidade de resistir aos “alimentos proibidos” é, pelo menos teoricamente, ainda menor. Se a isto juntarmos a informação de que nas últimas três décadas a obesidade infantil aumentou cerca de 47%, percebe-se que anda há muito a fazer a este nível… Ainda por cima porque o excesso de peso durante a infância é claramente um fator de risco para que um dia mais tarde essa criança possa sofrer de excesso de peso e de doenças crónicas. Ou seja, um peso excessivo na infância não se traduz apenas por umas “bochechas fofinhas” ou uma “barriguinha grande”. Não se pode aligeirar, e muito menos desvalorizar, o impacto que o excesso de peso pode ter no presente e acima de tudo no futuro das crianças!
E que tal começar por atuar no início do problema? Estima-se que 60-90% do marketing alimentar a que as crianças estão sujeitas diz respeito a alimentos menos interessantes do ponto de vista nutricional (snacks não saudáveis, faz food, cereais de pequeno-almoço, refrigerantes, entre outros). “É só publicidade”, poderão pensar muitos, mas na realidade é muito mais do que isso. As crianças dependem de inúmeros estímulos para formar e desenvolver a sua personalidade, e, consequentemente, o seu estilo de vida. E o marketing alimentar é, seguramente, um elemento importante a esse nível. Já não basta existir uma disponibilidade alimentar quase total, ainda se promove de forma massiva esse tipo de alimentos? Isto dá que pensar… São muitos os estudos que revelam que o marketing associado a alimentos menos recomendados tem, de facto, um impacto significativo nas escolhas alimentares das crianças.
Recentemente foi publicado um artigo na revista International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity no qual se procurou caracterizar o tipo de exposição a marketing alimentar a que as crianças estão sujeitas. Apesar deste estudo ter sido desenvolvido na Nova Zelândia, acredito que em parte se possa transpor para a nossa realidade. Foi observado que em média as crianças estavam sujeitas a mais de 28 exposições diárias a algum tipo de marketing relacionado com produtos não saudáveis (esta exposição era mais do dobro daquela verificada para produtos saudáveis). Curiosamente, a maior parte das exposições ocorreu em casa (cerca de 33%), seguida dos espaços públicos e da escola. A principal forma de exposição foram as próprias embalagens (mais de dois terços das exposições).
Este estudo revela dados muito interessantes e, infelizmente, muito preocupantes. Em primeiro lugar, gostaria de destacar as embalagens dos alimentos! Já olhou com atenção para as embalagens dos produtos alimentares infantis menos interessantes do ponto de vista nutricional? Da próxima vez que for às compras perca um bocadinho de tempo e olhe para elas. Mas tente olhar como se fosse uma criança, ou seja, valorize as cores, as formas, os desenhos/bonecos que aparecem. E depois disso tente imaginar que é uma crianças e que deve saber resistir a esse tipo de tentações. Tarefa fácil? Não me parece! Em segundo lugar, e na minha opinião ainda mais preocupante, é o facto de a maior parte das exposições ocorrerem em casa. O que é que isto significa? Significa que de uma maneira geral os pais devem estar muito mais sensibilizados para este problema. Devem ter mais atenção aos alimentos que compram e que estão visíveis/disponíveis em casa, mas o papel deles não se esgota nesta tarefa. Devem conversar com as crianças sobre a publicidade que passa na televisão, por exemplo. Não é preciso dar grandes sermões, mas devem procurar fazer alguns comentários objetivos para retirar alguma da ilusão e magia criada pelos anúncios dos alimentos pouco saudáveis. E porque não aproveitar alguns desses anúncios para conversar sobre conceitos importantes relacionados com escolhas alimentares saudáveis? Por último, acho que está mais do que na hora de haver regulamentação rigorosa e séria sobre este assunto. Não quero com isto dizer que as crianças não devem ter acesso ao marketing alimentar, mas acredito mesmo que deviam existir mais limitações a essa exposição. Na minha opinião vale mesmo a pena refletir sobre este assunto. O poder de quem anuncia é enorme, mas o poder de quem educa e toma decisões é ainda maior…
E que tal começar por atuar no início do problema? Estima-se que 60-90% do marketing alimentar a que as crianças estão sujeitas diz respeito a alimentos menos interessantes do ponto de vista nutricional (snacks não saudáveis, faz food, cereais de pequeno-almoço, refrigerantes, entre outros). “É só publicidade”, poderão pensar muitos, mas na realidade é muito mais do que isso. As crianças dependem de inúmeros estímulos para formar e desenvolver a sua personalidade, e, consequentemente, o seu estilo de vida. E o marketing alimentar é, seguramente, um elemento importante a esse nível. Já não basta existir uma disponibilidade alimentar quase total, ainda se promove de forma massiva esse tipo de alimentos? Isto dá que pensar… São muitos os estudos que revelam que o marketing associado a alimentos menos recomendados tem, de facto, um impacto significativo nas escolhas alimentares das crianças.
Recentemente foi publicado um artigo na revista International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity no qual se procurou caracterizar o tipo de exposição a marketing alimentar a que as crianças estão sujeitas. Apesar deste estudo ter sido desenvolvido na Nova Zelândia, acredito que em parte se possa transpor para a nossa realidade. Foi observado que em média as crianças estavam sujeitas a mais de 28 exposições diárias a algum tipo de marketing relacionado com produtos não saudáveis (esta exposição era mais do dobro daquela verificada para produtos saudáveis). Curiosamente, a maior parte das exposições ocorreu em casa (cerca de 33%), seguida dos espaços públicos e da escola. A principal forma de exposição foram as próprias embalagens (mais de dois terços das exposições).
Este estudo revela dados muito interessantes e, infelizmente, muito preocupantes. Em primeiro lugar, gostaria de destacar as embalagens dos alimentos! Já olhou com atenção para as embalagens dos produtos alimentares infantis menos interessantes do ponto de vista nutricional? Da próxima vez que for às compras perca um bocadinho de tempo e olhe para elas. Mas tente olhar como se fosse uma criança, ou seja, valorize as cores, as formas, os desenhos/bonecos que aparecem. E depois disso tente imaginar que é uma crianças e que deve saber resistir a esse tipo de tentações. Tarefa fácil? Não me parece! Em segundo lugar, e na minha opinião ainda mais preocupante, é o facto de a maior parte das exposições ocorrerem em casa. O que é que isto significa? Significa que de uma maneira geral os pais devem estar muito mais sensibilizados para este problema. Devem ter mais atenção aos alimentos que compram e que estão visíveis/disponíveis em casa, mas o papel deles não se esgota nesta tarefa. Devem conversar com as crianças sobre a publicidade que passa na televisão, por exemplo. Não é preciso dar grandes sermões, mas devem procurar fazer alguns comentários objetivos para retirar alguma da ilusão e magia criada pelos anúncios dos alimentos pouco saudáveis. E porque não aproveitar alguns desses anúncios para conversar sobre conceitos importantes relacionados com escolhas alimentares saudáveis? Por último, acho que está mais do que na hora de haver regulamentação rigorosa e séria sobre este assunto. Não quero com isto dizer que as crianças não devem ter acesso ao marketing alimentar, mas acredito mesmo que deviam existir mais limitações a essa exposição. Na minha opinião vale mesmo a pena refletir sobre este assunto. O poder de quem anuncia é enorme, mas o poder de quem educa e toma decisões é ainda maior…