O óleo de palma é uma gordura que está presente numa percentagem muito elevada de alimentos. Apesar de ter alguns potenciais benefícios associados ao seu consumo, pelo menos quando não está refinado, apresenta também vários potenciais riscos para o ser humano. Um dos grandes problemas associados ao consumo de óleo de palma parece ser a sua elevada quantidade de ácido palmítico, um tipo de gordura saturada que tem vindo a ser relacionado com um aumento do risco de várias doenças crónicas, nomeadamente:
– Obesidade – Atualmente há cada vez mais evidências que apontam no sentido de destacar que o consumo de gordura saturada aumenta, genericamente, o risco de obesidade. Claro que não se pode aplicar esta ideia a todo o tipo de gordura saturada, mas infelizmente aplica-se ao ácido palmítico (entre outros).
– Doenças cardiovasculares – O consumo de grandes quantidades de ácido palmítico parece estimular a inflamação, levando a alterações graduais no nosso corpo, tais como o aparecimento de aterosclerose ou de outras alterações nos vasos sanguíneos. Além disso, parece também induzir um aumento dos níveis sanguíneos de colesterol total e do chamado “mau colesterol” (LDL) (mais informações sobre este assunto neste post), particularmente se o óleo de palma for utilizado a elevadas temperaturas. Globalmente estas alterações fazem com que o risco de enfarte do miocárdio ou de acidentes vasculares cerebrais (AVC) aumente significativamente.
– Diabetes mellitus – Sabe-se também que um excesso de ácido palmítico parece ter efeitos negativos na capacidade que o nosso corpo tem de responder à insulina. Ou seja, torna-nos mais resistentes à insulina, sendo que esta alteração é a base para o aparecimento de diabetes mellitus tipo 2 (mais informações sobre este assunto aqui). Uma das possíveis justificações para esta situação é que o consumo de ácido palmítico parece promover uma acumulação de gordura no fígado e em outros órgãos, a chamada gordura visceral.
– Alterações no funcionamento intestinal – O nosso intestino é habitado por milhões de bactérias, que vivem em comunidade umas com as outras (mais informações aqui). O consumo de ácido palmítico em grande quantidade parece interferir com o equilíbrio existente nessa comunidade, causando alterações que aumentam o risco do aparecimento de várias doenças.
– Cancro – Genericamente, a ingestão aumentada de ácido palmítico (e de outras gorduras) parece relacionar-se com um risco aumentado de cancro do cólon, da mama e da próstata. No entanto, estudos mais recentes sugerem que a proporção das diferentes gorduras ingeridas parece ser mais importante do que as quantidades das mesmas.
Não posso deixar de terminar este post referindo que apesar de tudo ainda não há evidências científicas inequívocas sobre a relação do óleo de palma com as doenças que referi, pois há resultados são contraditórios. Até prova em contrário, parece-me sensato adotar uma atitude de prevenção, ou seja, não é necessário abolir o óleo de palma da alimentação, mas deve tentar reduzir o seu consumo. Há opções de gordura bem mais interessantes do que o óleo de palma, como, por exemplo, o azeite. Até pode ser que as recomendações futuras sejam diferentes, mas atualmente mais vale prevenir do que remediar…