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Carência e excesso de vitamina B1: o que pode acontecer?

Sendo uma vitamina fundamental para que as nossas células utilizem corretamente o açúcar (glucose) para obter energia, a falta de vitamina B1 está muitas vezes associada a défices energéticos nas células. Apesar de normalmente pensar-se em carência de vitamina B1 quando não se ingere quantidade suficiente desta vitamina, gostaria de destacar que essa carência também pode surgir devido a outros fatores, nomeadamente falhas na absorção intestinal de vitamina B1 ou alcoolismo. No caso do alcoolismo, esta situação deve-se essencialmente ao facto de o álcool diminuir a capacidade de o intestino funcionar corretamente, afetando também a capacidade de absorver a tiamina. Além disso, normalmente o alcoolismo está também associado a uma alimentação menos cuidada, pelo que isso também pode contribuir para carências dessa vitamina.
A situação mais frequente de carência de tiamina é uma doença chamada beribéri. Provavelmente já ouviu falar dela, quanto mais não seja na expressão que se ouve quando alguém desmaia: “Deu-lhe o beribéri!”. Na realidade o beribéri é causado por carência de vitamina B1, ou seja, é uma avitaminose (doença causada por carência de uma vitamina). Esta doença tornou-se particularmente frequente quando o arroz começou a ser polido e a ser consumido como arroz branco, pois a maior parte da tiamina do arroz encontra-se nas camadas externas do grão. Os principais órgãos afetados pela carência de vitamina B1 são o cérebro e o coração, sendo por isso que o beribéri é normalmente dividido em duas componentes, beribéri seco e beribéri húmido, respetivamente. De uma maneira geral, a carência de vitamina B1 está associada a uma diminuição da capacidade respiratória e do estado de alerta. Como consequência a pessoa torna-se menos ativa e mais fraca. Além disso, também pode provocar dores de cabeça, irritabilidade, desconforto abdominal e depressão.
Em relação ao cérebro, a carência de vitamina B1 está normalmente associada a uma doença específica chamada de síndrome de Wernicke-Korsakoff, que é particularmente frequente em pessoas que sofrem de alcoolismo (cerca de 30-80% dos alcoólicos sofrem desta doença). Traduz-se por problemas visuais (é frequente a presença de movimentos oculares involuntários, uma condição chamada de nistagmo), falhas de coordenação, falhas de memória irreversíveis e demência.
Apesar de ser considerada uma vitamina segura, não estando estabelecidos níveis de toxicidade quando ingerida em excesso, por exemplo no caso da gravidez ou do período de amamentação é recomendada prudência no seu consumo (no caso de optar por uma suplementação de vitamina B1), pois ainda não existem dados suficientes sobre a sua segurança nesses dois contextos específicos.
Existem alguns medicamentos que podem interferir com a atuação da vitamina B1, nomeadamente:
digoxina, que é utilizada por pacientes com problemas de coração, tais como a insuficiência cardíaca ou alguns tipos de arritmias. Há estudos que apontam para que a digoxina diminua a capacidade que as células do coração têm de utilizar a vitamina B1;
diuréticos, em particular a furosemida, promovem um aumento da produção de urina. Uma vez que a vitamina B1 é solúvel em água, haverá também um aumento das perdas de vitamina B1. E se a isto juntarmos o facto de, muitas vezes, a furosemida ser tomada em conjunto com a digoxina, temos aqui uma combinação que pode causar défice de vitamina B1;
fenitoína, que é utilizada por pacientes com convulsões ou epilepsia, e que parece, nalguns casos, promover uma diminuição dos níveis de tiamina no sangue.
Se está a tomar algum destes medicamentos procure aconselhar-se, de forma a perceber se está ou não em situação de carência de vitamina B1. Se estiver, procure ajude para saber o que é que deve fazer para evitar essa situação.

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