Queria começar este post dizendo que não sou vegano e que apesar de reconhecer várias vantagens (e também desvantagens) no veganismo, não está nos meus planos vir a ser vegano. Isto não quer dizer, obviamente, que por vezes não faça refeições exclusivamente com produtos tolerados pelo veganismo. De qualquer das formas, sendo hoje comemorado o Dia Mundial do Veganismo, parece-me que faz sentido abordar o assunto… O veganismo foi originalmente desenvolvido de forma a englobar apenas a alimentação. No entanto, o conceito foi evoluindo e, ao contrário do que se pensa, atualmente não é apenas um modo diferente de alimentação, é muito mais do que isso. Basicamente, é uma filosofia de vida. E esta filosofia baseia-se essencialmente numa ideia muito simples: minimizar o sofrimento dos animais. Ou seja, tudo o que possa estar relacionado com o sofrimento dos animais, é excluído do dia-a-dia de um vegano. Não consomem nenhum alimento de origem animal, nem utilizam nenhum material de origem animal. Não é por isso de estranhar que seja praticado, por exemplo, por ativistas dos direitos dos animais.
Em relação à alimentação, os veganos podem ingerir qualquer alimento, desde que seja exclusivamente de origem vegetal. Hortícolas, leguminosas, fruta, frutos secos, etc., fazem parte do dia alimentar de um vegano. Por outro lado, a carne, o pescado, o leite, os ovos, o mel, entre outros, está riscado da sua alimentação. Olhando para esta ideia, facilmente se percebe que, por um lado, se trata de uma alimentação muito rica em antioxidantes, fibra, e muitos outros compostos bioativos. No entanto, é muito restritiva, o que pode levar a alguma monotonia alimentar. Obviamente que com isto não estou a dizer que os veganos só comem saladas, mas claro que se têm menos alimentos à disposição, quando comparados com alguém que come produtos de origem animal e vegetal, naturalmente o leque de opções é menor. É, por isso, fundamental, que quem opta pelo veganismo (ou mesmo pelo vegetarianismo), tente informar-se e aprender múltiplas formas de maximizar a versatilidade dos produtos de origem vegetal. Ainda do ponto de vista nutricional, é importante destacar que há alguns nutrimentos, nomeadamente a vitamina B12, que não são encontrados nos alimentos de origem vegetal (a não ser que sejam fortificados nessa vitamina). Ou seja, é preciso dar uma atenção especial a esta vitamina, tal como em relação à vitamina D, alguns minerais (como o cálcio e o ferro, por exemplo), e à proteína (em relação à quantidade e, essencialmente, em relação à qualidade, pois normalmente a proteína animal tem um valor biológico mais elevado). Ou seja, se por um lado existem várias vantagens na alimentação vegana, também existem limitações importantes, que devem ser conhecidas e, de preferência, devem ser discutidas com um nutricionista antes de iniciar a mudança para o veganismo. Parece-me essencial este passo, de forma a garantir que vai conseguir tirar partido do melhor que o veganismo lhe tem para oferecer, sem comprometer do ponto de vista nutricional a sua alimentação.
Tal como referi no início do post, o veganismo é uma filosofia de vida que vai muito para lá da alimentação. Por exemplo, os veganos não utilizam roupa preparada a partir de produtos animais. E não estou apenas a falar apenas em roupa e calçado de cabedal, por exemplo. Estou a falar também em tudo o que leva lã, ou seda, por exemplo. O algodão, o linho e as peles sintéticas são normalmente as opções preferidas pelos veganos. Também os cosméticos que são produzidos a partir de produtos animais (como a cera ou o mel, por exemplo), ou que são testados em animais, estão banidos do dia-a-dia de um vegano.
Como podem ver, adotar um estilo de vida vegano implica fazer mudanças enormes nas rotinas diárias e nos produtos utilizados. Por isso, se a sua ideia é adotar esta filosofia de via, o ideal será fazer uma mudança gradual, na qual vai substituindo de forma progressiva os produtos animais por substitutos vegetais. Falar com outros veganos é sempre algo que me parece muito importante. No entanto, no caso da alimentação volto a referir que me parece muito sensato procurar ajuda especializada por profissionais, uma vez que apesar de ter algumas potenciais vantagens associadas, trata-se de um padrão alimentar bastante restritivo o que, naturalmente, pode levar a alguns erros ou carências nutricionais, se não for corretamente implementado.