Os refrigerantes e sumos estão por todo o lado! Sejam em lata, garrafa ou pacote, com gás ou sem gás, com açúcar ou sem açúcar, frescos ou à temperatura ambiente, há refrigerantes para todos os gostos, e para todas as ocasiões. E são, na minha opinião, um dos grandes inimigos de quem quer ter uma alimentação saudável e, em particular, de quem quer perder peso (ou manter um peso baixo). Consequentemente, são um dos grandes inimigos dos nutricionistas! Obviamente que quem está habituado a beber refrigerantes e sumos vai ter muitas dificuldades em deixar de os consumir, por isso não acho que devam ser banidos da alimentação dessas pessoas. No entanto, o seu consumo deve ser sempre encarado como uma exceção, e não como a regra… A ideia é que, gradualmente, beba sumos e refrigerantes apenas pontualmente. Curiosamente, o grande argumento contra os refrigerantes tem vindo a perder relevância, que é o facto de serem produtos com “calorias vazias”, ou seja, fornecem calorias mas não fornecem outros nutrimentos em quantidades relevantes. Devido à febre dos produtos light ou zero, bem como por causa da lei que aumentou os impostos para as bebidas não alcoólicas açucaradas, existem cada vez mais refrigerantes e sumos com um valor calórico residual, ou mesmo sem calorias. E é aqui que o problema dos nutricionistas se torna ainda maior! Como explicar aos consumidores que mesmo esses refrigerantes devem ser bebidos com (muita!) moderação? Afinal de contas “não engordam”!
O consumo de bebidas açucaradas tem vindo a ser associado a vários problemas de saúde, como a obesidade ou a diabetes, pois essas bebidas são uma fonte de enormes quantidades de açúcares adicionados, sem que a pessoa se aperceba. Se olhar para o rótulo de uma dessas bebidas vai poder constatar isso mesmo, ainda por cima se tiver em consideração que um copo normalmente leva entre 200 e 300 mL, ou seja, tem que multiplicar por 2 ou 3 o valor de açúcar que aparece no rótulo (pois esse valor vem por 100 mL). E isto deve ser feito por cada copo bebido, imagine se for um dia quente de verão e estiver com muita sede… Devido a estas potenciais consequências, o consumo de bebidas açucaradas tem vindo a ser desencorajado, sendo aconselhado o consumo de bebidas com adoçantes. Mas será que se conhece com detalhe o impacto que os adoçantes têm na nossa saúde? Parece-me claramente que não! Com isto não quero dizer que os adoçantes são piores do que os açúcares, apenas me limito a referir que a esse nível o nosso conhecimento é ainda muito limitado.
Recentemente foi publicado um estudo no qual foi investigada a associação entre o consumo de bebidas açucaradas, bem como bebidas com adoçantes, e o risco de aparecimento de diabetes. Este estudo envolveu mais de 60000 mulheres em idade pós-menopausa. Foi observado que o consumo de ambos os tipos de bebida estava associado a um aumento significativo do risco de diabetes, sendo que esse risco parece estar dependente da quantidade de bebidas consumidas. Mais concretamente, o consumo de bebidas açucaradas aumentou o risco em 43%, enquanto que o consumo de bebidas com adoçante aumentou o risco em cerca de 21%.
Estes dados mostram algo que para mim me parece óbvio, que é o facto de os refrigerantes e os sumos, mesmo sem açúcar, serem algo que, quando consumido regularmente, pode trazer várias complicações de saúde. Apesar de o risco de desenvolvimento de diabetes ser menor nas bebidas com adoçante, esse risco existe, algo que não ocorre se a pessoa beber água em vez dessas bebidas! Além disso, neste trabalho apenas foi avaliado o risco de aparecimento de diabetes, ou seja, há uma quantidade enorme de possíveis consequências que não foram avaliadas neste trabalho e que não podem nem devem ser desvalorizadas! Beber água deve ser sempre a regra, e eventualmente, de forma esporádica, pode beber-se um refrigerante ou sumo. Dessa forma vai conseguir poupar dinheiro e, acima de tudo, vai conseguir preservar a sua saúde!
