Nutrição geral

Quer viver mais tempo? Cuidado com as batatas fritas…

Batatas fritas… “Uma tentação” dirão muitos, “Irresistíveis” dirão outros, “Um veneno” pensarão bastantes mas dirão menos… Há qualquer coisa de mágico nas batatas fritas, qualquer coisa que vicia e que dificulta a tarefa de quem lhes quer resistir, ou comer apenas uma ou duas. Na realidade, as batatas fritas apresentam três características que se sabe que influenciam o nosso consumo, e que estimulam a maior parte das pessoas a querer comer mais: o sal, a gordura e o crocante que as caracteriza. Todos sabemos que trazem consigo potencial para fazer mal à saúde, mas de vez em quando é difícil resistir-lhes. Enfim, já se impunha um post sobre elas!
Sabia que nos últimos anos tem-se verificado uma diminuição no consumo de batatas nos EUA? Mas calma, não pense que o padrão alimentar dos Americanos está a ficar globalmente mais saudável, pois eu disse “batatas” e não “batatas fritas”. Na realidade, infelizmente o consumo de batatas diminuiu, mas o de batatas fritas aumentou, ou seja, fritar as batatas é cada vez a forma mais comum de os Americanos as consumirem! Do ponto de vista nutricional posso destacar alguns aspetos que fazem com que as batatas fritas sejam um dos piores inimigos dos nutricionistas. Em primeiro lugar, são normalmente ricas em sal, o que, como é sabido, aumenta o risco de desenvolvimento de hipertensão arterial, bem como de cancro do estômago, entre outras complicações. Em segundo lugar, são ricas em gordura, o que aumenta o seu aporte calórico, já para não falar dos tipos de gordura que podem conter. Em terceiro lugar, são ricas em hidratos de carbono de digestão relativamente fácil, apresentando por isso um índice glicémico elevado e, consequentemente, potencial para causar desequilíbrios nos níveis de açúcar no sangue. Por último, como são confecionadas a temperaturas elevadas, podem conter quantidades significativas de compostos químicos prejudiciais à saúde, resultantes da alteração da composição da gordura usada para fritar, ou das próprias batatas, sendo que a acrilamida é o exemplo mais conhecido (e também um dos mais prejudiciais). São vários os estudos que têm relacionado o consumo de batatas fritas com o aumento do risco de diabetes, doenças cardiovasculares e de obesidade.
Num trabalho divulgado recentemente, foi investigado se o consumo de batatas fritas estava relacionado com o aumento da mortalidade, quer em homens quer em mulheres, num total de quase 5000 participantes. Inicialmente observou-se que o consumo de batatas não se encontrava associado a um maior risco de mortalidade. No entanto, quando se fala em batatas fritas, o cenário mudou de figura, pois nesse caso, um consumo igual ou superior a duas vezes por semana aumentou o risco de mortalidade. E não estou a falar de um aumento ligeiro no risco, estou a falar de uma situação que aumenta em mais do dobro a probabilidade de se morrer!
Este tipo de estudos dá sempre que pensar… Não é novidade para ninguém que as batatas fritas são um alimento perigoso, ou, pelo menos, potencialmente perigoso, não só pelo que representam mas também pelo estilo de vida e padrão alimentar que normalmente lhes está associado. Obviamente não faz sentido eu estar agora a dizer que ninguém pode comer batatas fritas até ao final das suas vidas, pois tenho consciência que este tipo de proibições acaba por ter, na maior parte das vezes o efeito contrário a médio prazo. Tem que haver bom senso! Reduzir o consumo deste tipo de alimentos, não só em termos de quantidade por refeição, mas também em termos de número de vezes que são ingeridos é a opção correta. Devemos encarar estes alimentos que são considerados como potencialmente perigosos como exceções, e não regras! Mais ainda, se eu comer daqui a bocado um pacote de batatas fritas, devo ter em atenção a minha alimentação no resto do dia e, preferencialmente, nas refeições anteriores, no sentido de tentar que a ingestão de antioxidantes e outras moléculas benéficas acompanhe a ingestão destes alimentos perigosos.
Uma coisa que eu não referi, até agora, foi a célebre ideia: “Eu não como batatas fritas de pacote, faço-as eu, que assim não são perigosas”. Esta ideia está errada. Claro que em princípio as batatas fritas caseiras são potencialmente menos perigosas para a saúde, mas continuam a ser um alimento a evitar. Opte por outros tipos de acompanhamentos e guarde o consumo de batatas fritas apenas para alturas onde acha que precisa mesmo delas, seja por conveniência (um piquenique, por exemplo, ainda que mesmo nestes casos haja centenas de alternativas saborosas, originais, e mais saudáveis!), ou porque se trata de uma ocasião especial (uma festa, por exemplo). O seu corpo e a sua saúde agradecem…

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