Nutrimentos

Carência e excesso de vitamina A: o que pode acontecer?

A carência de vitamina A é rara nos países desenvolvidos, mas é um problema muito preocupante em vários países menos desenvolvidos, afetando cerca de metade de todos os países do Mundo. De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, em todo o mundo cerca de 190 milhões de crianças e 19,1 milhões de grávidas apresentam carência de vitamina A. A principal causa para esta carência é a ingestão de quantidades muito baixas de alimentos contendo esta vitamina, sendo que também pode ser causada por quadros de diarreia crónica, doenças autoimunes, doenças pancreáticas e doenças inflamatórias intestinais. As principais manifestações da carência de vitamina A são alterações no funcionamento dos olhos, nomeadamente a secura e a cegueira. Na realidade, a carência de vitamina A é a principal causa prevenível de cegueira. Muitas vezes estas pessoas apresentam também a pele muito seca e espessa, diarreia e anemia. Possuem também um sistema imunitário mais fragilizado, o que aumenta o risco de infeções, nomeadamente ao nível pulmonar.
Além das funções fisiológicas da vitamina A, que já estão bem documentadas (mais informação neste post), vários estudos têm revelado potenciais efeitos benéficos desta vitamina na prevenção e desenvolvimento de vários tipos de cancro, nomeadamente do pulmão, próstata, mama, ovários, bexiga, da pele e oral. No entanto, as evidências existentes não são ainda suficientes para se perceber com detalhe se existe alguma relação entre a vitamina A e esses tipos de cancro. Também em relação a várias doenças da retina (as chamadas retinopatias), há estudos que apontam para um atraso na degeneração que normalmente as caracteriza, ainda que, novamente, falte informação científica robusta que suporte esses efeitos. Quanto ao sarampo, há estudos que demonstram um efeito protetor da vitamina A, principalmente devido ao facto de que carência desta vitamina é um fator de risco para a doença.
Sabendo então que a vitamina A é tão importante, e eventualmente benéfica em várias doenças diferentes, será que podemos concluir que é vantajoso ingerir o máximo de vitamina A possível? A resposta é fácil de dar: NÃO!!!! Uma vez que é uma vitamina solúvel em gordura, armazena-se essencialmente no fígado e no tecido adiposo. Se estiver em excesso causa hipervitaminose A, uma condição caracterizada por aumento da pressão dentro do crânio, icterícia, tonturas, náuseas, dores de cabeça, alterações na pele, dor nas articulações e nos ossos, perda de cabelo, coma e, eventualmente, morte… Além disso, um excesso de vitamina A durante a gravidez pode originar malformações nos olhos, crânio, pulmões e coração do feto. Há ainda alguns trabalhos que sugerem um aumento do risco de doenças cardiovasculares e cancro do pulmão. Sabe-se também que pessoas com problemas no fígado e nos rins são mais vulneráveis a sofrer de excesso de vitamina A, apesar de ser um problema que pode afetar qualquer pessoa. Normalmente o excesso de vitamina A está associado ao consumo de suplementos vitamínicos, portanto se precisar desse tipo de suplementação, procure um aconselhamento prévio! Neste caso, como quase sempre na nutrição, “mais não é sinónimo de melhor”…

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