Nutrição geral

Saiba o que comer para combater a Helicobacter pylori

A Helicobacter pylori é uma bactéria que infeta o estômago. A infeção com esta bactéria é muito frequente um pouco por todo o mundo, afetando cerca de 50% da população mundial. Em Portugal esta infeção é particularmente comum, havendo localidades com taxas de infeção que podem atingir os 80%! Ainda não se sabe com detalhe de que forma é que esta infeção quase generalizada ocorre, mas tudo indica que a rede pública de abastecimento de águas possa ser o principal veículo. De facto, esta bactéria está presente na grande maioria dos sistemas de distribuição de água no nosso país. Apesar de ser uma infeção tão frequente, na maior parte das vezes a só é tratada quando associada a sintomas como desconforto ou dor de estômago, problemas digestivos, etc. No entanto, convém ter a noção de que a presença de H. pylori é um fator de risco para várias doenças, como gastrite crónica, úlceras e cancro do estômago.A eliminação da infeção com H. pylori baseia-se na utilização de antibióticos, em combinação com inibidores da produção de suco gástrico (chamados inibidores da bomba de protões). Infelizmente a eficácia deste tratamento tem vindo a diminuir, sendo que, por exemplo, no Japão esta diminuição foi de cerca de 30% na última década. Se por um lado o aparecimento de resistência aos medicamentos utilizados pode ajudar a explicar em parte essa situação, também existem vários comportamentos que podem condicionar o sucesso da intervenção terapêutica. De entre esses comportamentos podemos destacar o consumo de álcool, tabaco e a alimentação. No caso da alimentação, tem sido proposto que a vitamina D, o colesterol ou os ácidos gordos podem influenciar o comportamento da H. pylori. Além disso, alimentos como o mel, brócolos ou iogurtes parecem impedir o desenvolvimento da H. pylori.
Recentemente este assunto foi abordado de forma diferente. Nesse trabalho, foi analisada a influência de determinados nutrimentos e alimentos na eficácia do tratamento contra a H. pylori. Em relação aos nutrimentos, verificou-se que um consumo elevado de colesterol, ácidos gordos insaturados ómega-3 e vitamina D provocou um menor sucesso na eficácia do tratamento. As principais fontes destes nutrimentos, que foram analisadas, foram os ovos e o peixe.
Uma vez que a infeção com H. pylori é um fator de risco para o cancro do estômago, que é “só” o terceiro cancro que mais mata em todo o mundo, este tipo de informação deve ser encarado com a importância que merece. Perceber de que forma é que nós conseguimos influenciar a eficácia do tratamento, através da alimentação, é algo que me parece fundamental. Obviamente que os alimentos apresentados neste estudo como potenciais causadores de insucesso no combate à infeção não devem ser banidos da alimentação. o que este trabalho sugere é que, durante o tratamento contra a H. pylori, os ovos e o peixe devem ser evitados, mas sendo alimentos tão nutritivos, devem fazer parte do plano alimentar antes e depois do tratamento. Em jeito de conclusão, confesso que quando leio este tipo de artigos fico a pensar que normalmente a importância da alimentação ao nível da preservação da saúde é algo que tem vindo a ser estudado de forma muito intensa, mas em relação à forma como a alimentação pode afetar os efeitos dos medicamentos ainda sabemos muito pouco. Por isso é que eu defendo que não existe um padrão de alimentação ideal, mas sim uma alimentação que deve ser constantemente ajustada ao nosso dia-a-dia, e ao contexto em que nos encontramos em cada momento. Eu sei que esta talvez seja uma visão demasiado sonhadora e ambiciosa, mas não tenho dúvidas que a nossa vida poderia ser otimizada se nós conseguíssemos otimizar a nossa alimentação…

 

2 Comments

  • Carlos Fernando Anselmo

    Começo por agradecer a informação aqui disponibilizada. Naverdade estou em tratamento contra a H. Pylor já faz alguns meses. Apesar de ter feito uma linha de medicação convencional dos prazois, não surtiu efeitos desejados para pelo menos a eliminação dos sintomas.

    Falando da alimentação, tenho estado a comer muito peixe e ovos, o estudo feito acima, mostra de que estes dois alimentos contribuem para o insucesso no tratamento, o que pode complicar para o plano de alimentação uma vez que a dieta já é bastante limitada.

    Conto com o vosso apoio!

    • João Rodrigues

      Bom dia, experimente substituir uma parte do peixe e dos ovos que consome por carnes magras, nomeadamente aves e coelho. Em relação ao peixe, dê preferência aos peixes magros (pescada, badejo, maruca, raia, solha, linguado, …). Deve ainda consumir mais leguminosas, laticínios magros e derivados de soja.

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