Uma das grandes preocupações atuais da alimentação está relacionada com o consumo exagerado de produtos refinados. Esses produtos foram ganhando gradualmente destaque por vários motivos. Em primeiro lugar, porque apresentam características mais agradáveis para a maior parte dos consumidores, seja ao nível da mastigação, digestão ou sabor. Por outro lado, também são confecionados de forma mais simples e rápida, ou seja, acabam por ser mais cómodos do que os produtos originais. No entanto, a sua riqueza nutricional é claramente menor, o que faz com que, por vezes, esses alimentos percam quase todo o seu interesse em termos de composição de micronutrimentos. Os cereais são um exemplo clássico dessa situação. E neste caso em particular, a opção por produtos refinados tem um grande impacto, pois os produtos que contêm cereais são a base da alimentação da maior parte das pessoas. Felizmente a mentalidade tem vindo a mudar, e atualmente os consumidores parecem estar a dar mais importância ao consumo de cereais integrais. Uma vez que possuem todas (ou quase todas) as camadas dos grãos, estes apresentam, genericamente um teor de fibras e de micronutrimentos muito mais elevado do que os correspondentes produtos refinados, e, consequentemente, o seu consumo apresenta vários potenciais benefícios para a nossa saúde, nomeadamente ao nível da diminuição do risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e vários tipos de cancro.
Mas há cereais e cereais, e, por isso, esses benefícios não são iguais para todos os cereais. Nesse sentido, recentemente foi publicado um artigo que procurou comparar os efeitos que o consumo durante 6 semanas de centeio integral e de trigo integral têm na composição corporal, sensação de apetite e consumo de energia de 75 pessoas com excesso de peso ou obesidade. Foi observado que o consumo livre de centeio integral promoveu uma diminuição do peso, do índice de massa corporal, e da acumulação de gordura, ao contrário do que foi observado com o consumo de trigo integral. No entanto, não houve diferenças significativas na sensação de saciedade induzida pelo consumo de ambos os tipos de cereais, apesar desta ter sido superior à observada com o consumo de trigo refinado. Devido a isso, o consumo energético total foi inferior nos casos de ingestão de cereais integrais.
Em primeiro lugar queria destacar que este estudo é mais um que comprova os benefícios associados ao consumo de cereais integrais, ao nível da nossa composição corporal. Obviamente que os benefícios não se esgotam aqui, mas esse é um aspeto que me parece muito relevante, principalmente no caso das pessoas que querem emagrecer e, posteriormente, manter um peso mais baixo do que o usual. Além disso, este trabalho revelou também algo muito importante, que tem que ver com efeitos aparentemente específicos de determinados cereais integrais. O centeio é um cereal notável, com muitas propriedades nutricionais extremamente interessantes, particularmente ao nível da perda de massa gorda e diminuição da ingestão alimentar. Em jeito de conclusão, se pretende perder peso, opte por alimentos com este tipo de cereal, como, por exemplo, pão de centeio (sim, o pão pode e deve ser incluído em planos alimentares de redução de peso!). O seu sabor é muito interessante, e pode ser um importante aliado para conseguir atingir o seu objetivo de perda de peso. Às vezes a diferença pode ser feita neste tipo de pormenores, mais do que em privações excessivas que na maior parte das vezes não têm os resultados pretendidos.