Nutrição geral

O que são aditivos alimentares?

Os aditivos alimentares são um dos assuntos sobre os quais existe mais desinformação e, por isso mesmo, são uma classe de substâncias que causa muita desconfiança aos consumidores. Há quem diga que são seguros, há quem diga que são (muito!) perigosos, e há quem diga que são um mal necessário. Independentemente destas, e de outras perspetivas, uma coisa é certa: é cada vez mais difícil evitar-se a 100% os aditivos alimentares.


Começando pelo início, importa definir o conceito de “aditivo alimentar”. Este pode ser definido como uma substância que é utilizada durante a preparação, processamento ou armazenamento de um alimento, de forma a melhorar as propriedades, ao nível da sua preservação, cor, sabor, textura, etc. Ou seja, um aditivo é algo que não faz parte do alimento, mas que lhe é adicionado, sendo que este aditivo pode, ou não, apresentar algum valor nutritivo. Há aditivos que estão naturalmente presentes nalguns alimentos, e que apenas são classificados de aditivos quando adicionados a outro alimento que não os contenha. De acordo com a legislação Europeia, os aditivos só podem ser adicionados a um alimento, com objetivos tecnológicos.

 

Os aditivos são substâncias que não existem num determinado alimento, mas que lhe são adicionadas de forma a melhorar algumas das suas propriedades.

 


Acredito que para a maior parte das pessoas a pergunta mais importante, relacionada com os aditivos, é se os mesmos são seguros. A resposta não é fácil de dar, pois o conceito de aditivo é muito abrangente e vago. De qualquer das formas, há entidades nacionais e internacionais que determinam quais os aditivos alimentares permitidos, e, até prova em contrário, o consumo desses é seguro. Curiosamente, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (também conhecida pela sigla EFSA) tem algumas recomendações que se baseiam em avaliações feitas nos anos 90, 80, e até 70! Ou seja, quase de certeza que algumas dessas avaliações não estarão corretas à luz do conhecimento atual. Devido a isso, está a ser feita uma re-avaliação que se prevê que esteja terminada em 2020.


Quando se fala em aditivos, mais importante do que pensar em consumir ou não consumir, é avaliar a quantidade que é consumida. De uma maneira geral, tudo o que é consumido deve obedecer a regras, ou seja, há sempre um valor a partir do qual o consumo deixa de ser seguro. Obviamente que esta ideia se aplica também aos aditivos alimentares. Além da quantidade ingerida, outro aspeto igualmente importante é a frequência de consumo, ou seja, se o aditivo é consumido diariamente, regularmente ou apenas esporadicamente. Para a utilização de um aditivo ser aprovada, deve obedecer às seguintes características:


não deve colocar nenhum risco para a saúde dos consumidores, nas quantidades utilizadas, de acordo com a evidência científica mais recente;
– deve haver uma necessidade tecnológica que não se consegue obter por outros meios;
– a sua utilização não deve confundir o consumidor, e deve trazer benefícios para o mesmo. Apesar de ser um conceito um tanto ou quanto abstrato, por benefícios considera-se a preservação da qualidade nutricional da comida, o enriquecimento de alimentos desenvolvidos para consumidores com necessidades alimentares especiais, a manutenção da qualidade ou estabilidade de um alimento, a melhoria das propriedades organoléticas de um alimento, bem como o auxílio na preparação, processamento e armazenamento dos alimentos.


A utilização de aditivos depende não apenas do próprio aditivo, mas também do alimento ao qual é adicionado. Por exemplo, há muito poucos aditivos autorizados em alimentos pouco (ou nada) processados, tais como leite, fruta, hortícolas, carne ou água. Por outro lado, quanto mais processado for um alimento, maior é a quantidade de aditivos autorizados. Por isso é que às vezes a lista de ingredientes dos alimentos muito processados parece algo interminável…

 

Quanto mais processado for um alimento, maior é a quantidade (e variedade) de aditivos que contém.

 


De uma maneira geral os aditivos alimentares são designados com a letra “E” seguida de um código de 3 dígitos. A sua presença deve ser sempre referida na lista de ingredientes de cada alimento. Antes de terminar gostaria de deixar claro que até prova em contrário todos os aditivos autorizados são seguros. No entanto, obviamente que o ideal será consumir a menor quantidade possível, pois o conhecimento científico está sempre a evoluir, e o que hoje é verdade, amanhã pode não ser. Já não era a primeira vez que alguns aditivos autorizados passavam a não autorizados. E como diz o velho ditado: “Mais vale prevenir do que remediar“…

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