Criança com hiperatividade
Grávidas, crianças e adolescentes

Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção e alimentação… uma relação para lá do óbvio

A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é um assunto que tem vindo a ser discutido cada vez com mais frequência, pois é inegável que há cada vez mais crianças diagnosticadas com esta doença (as estimativas atuais referem que pode atingir até cerca de 5% das crianças em idade escolar). E se por um lado, naturalmente que com o avançar do conhecimento se torna possível diagnosticar casos que antigamente não seria diagnosticados, também há quem defenda que há muitos casos que são erradamente diagnosticados como PHDA. Independentemente destas (e de outras) perspetivas, uma coisa é certa, a PHDA é uma doença psiquiátrica que deve ser encarada com a seriedade e a preocupação que qualquer outra doença coloca. De uma maneira geral, é caracterizada por sintomas persistentes de falta de atenção, impulsividade e hiperatividade. Normalmente surge durante a infância e tende a estar associada a um menor rendimento escolar/profissional, isolamento social e conflitos com os colegas. Ou seja, trata-se de uma doença que pode afetar significativamente a qualidade de vida de quem sofre da mesma e de quem lida com estes pacientes. São ainda muitas as dúvidas sobre a mesma, nomeadamente ao nível do que a provoca, e de como lidar com ela.


Atualmente acredita-se que a PHDA seja uma doença multifatorial, ou seja, na qual estão envolvidos vários fatores.  São muitos os genes que têm vindo a ser identificados como podendo estar relacionados com a mesma. Por outro lado, também se sabe que o ambiente pode desempenhar um papel importante no aparecimento da doença. Neste contexto surge a alimentação… Devo desde já referir que a relação entre a alimentação e a PHDA está longe de estar esclarecida, e que atualmente são muito mais as dúvidas do que as certezas. Há quem defenda que a PHDA surge associada a alergias alimentares, a intolerâncias alimentares, a toxicidade alimentar ou mesmo a défices nutricionais. Eventualmente estes fatores podem todos ser importantes, em diferentes casos, e poderão surgir de forma isolada ou combinada.

 

A PHDA é uma doença psiquiátrica multifatorial, na qual a parte genética, mas também a influência do meio ambiente (nomeadamente a alimentação) parecem ter um papel importante.

 


A intervenção clínica mais frequente em casos de PHDA é a medicação, que permite que a criança tenha um comportamento muito mais estabilizado. No entanto, os efeitos secundários associados a essa medicação, bem como a vontade de evitar que as crianças comecem a ser rotineiramente medicadas tem levado muita gente a procurar alternativas à utilização desses medicamentos (ou pelo menos alternativas que permitam diminuir a dose dos mesmos). E é aqui que a alimentação parece estar a merecer um destaque maior… Já foram tentadas várias estratégias nutricionais, mas atualmente apenas três se encontram numa fase avançada de investigação: educação alimentar, suplementação nutricional específica e dietas de eliminação. Em breve irei escrever um post dedicado a este assunto.


Concluindo, a PHDA é uma doença multifatorial que envolve não apenas fatores intrínsecos da própria pessoa, mas também fatores comportamentais, tais como a alimentação. Apesar de ser reconhecido que esta pode desempenhar um papel importante no aparecimento e no curso da doença, infelizmente o conhecimento atual é ainda muito escasso. No entanto, não tenho dúvidas que o futuro irá trazer importantes avanços a este nível…

 

A alimentação parece ter um papel importante no aparecimento, desenvolvimento e consequências da PHDA, sendo que atualmente há várias estratégias alimentares que têm vindo a ser propostas no sentido de minimizar o problema.

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