Sendo um micronutrimento tão importante, envolvido em muitas funções diferentes, o cálcio deve ser ingerido em quantidades adequadas. Quando tal não acontece, ou então por qualquer motivo a absorção intestinal de cálcio está diminuída e/ou a eliminação de cálcio na urina está aumentada, podem surgir situações de carência deste mineral. Esta condição designa-se hipocalcemia. Uma vez que o cálcio se encontra amplamente distribuído por alimentos de origem animal e vegetal, com uma alimentação diversificada e equilibrada em princípio consegue-se atingir os níveis recomendados. No entanto, conforme referi, quando a ingestão de alimentos com cálcio é baixa, pode surgir hipocalcemia. Esta situação pode ainda ser potenciada por outras condições, nomeadamente distúrbios alimentares (anorexia, bulimia), contaminação com mercúrio, consumo excessivo de magnésio, consumo prolongado de laxantes, consumo prolongado de corticoides, consumo excessivo de proteína e/ou sal (nestes casos existe uma maior perda de cálcio na urina), consumo excessivo de cafeína, doenças renais, pancreatite, entre outras.
A absorção intestinal de cálcio é estimulada pela vitamina D, pelo que carências desta vitamina podem também potenciar carências de cálcio. Uma vez que a vitamina D não existe em quantidades significativas em muitos alimentos, quando o objetivo é otimizar a quantidade de cálcio no organismo, não se deve olhar apenas para esse mineral. Dito de uma forma simples, se alguém tiver carência de cálcio, convém perceber primeiro se os níveis de vitamina D estão normais, pois o problema pode estar mesmo aí.
A carência de cálcio designa-se por hipocalcemia, e pode ser causada por uma ingestão diminuída de cálcio e/ou de vitamina D.
Pessoas com carência de cálcio pode apresentar diferentes consequências, nomeadamente baixa estatura (se a carência ocorrer durante a infância), raquitismo (nas crianças), osteomalácia (nos adultos), baixa densidade mineral óssea (fator de risco para a osteoporose), osteoporose, cãimbras, dores musculares, palpitações, hipertensão arterial, problemas dentários e insónias.
Quando existe hipocalcemia, há várias estratégias que podem ser seguidas. Tal como referi anteriormente, convém primeiro descartar a possibilidade da hipocalcemia ser uma consequência de carência de vitamina D. Convém ainda tentar perceber se há algum problema que justifique a falta de cálcio. Obviamente que outro aspeto a valorizar é a alimentação da pessoa. Deve-se tentar perceber se o padrão alimentar da mesma contempla um consumo regular de alimentos ricos em cálcio. Por último, se necessário, deve-se recorrer à suplementação, eventualmente de forma temporária, para restabelecer os níveis normais de cálcio. Ao mesmo tempo, deve-se incentivar que a pessoa faça mudanças na alimentação para que a suplementação deixe de ser necessária.
A hipocalcemia pode ter consequências muito graves para o organismo, pelo que deve ser eficazmente contrariada, através da alimentação e, se necessário, da suplementação.
Apesar de ser uma situação rara, também é possível apresentar níveis excessivos de cálcio. Esta condição chama-se hipercalcemia, e está associada a sintomas como dores de estômago, náuseas, irritabilidade e depressão. Pode ainda causar obstipação, carências de ferro e/ou zinco, insuficiência renal e calcificação de tecidos moles. As principais causas de hipercalcemia são a desidratação, problemas no funcionamento da tiróide e, como é óbvio, um consumo excessivo de suplementos de cálcio e, menos frequentemente, um consumo excessivo de suplementos de vitamina D.
Se o cálcio estiver em excesso origina uma condição chamada hipercalcemia, que pode ter consequências graves para quem sofre da mesma.