Se há coisa que me deixa triste, fruto não só do que observo, mas também devido a experiências pessoais, é perceber que o final da vida para muitas pessoas pode não ser vivido com a dignidade que essas pessoas merecem. Não estou a falar em dinheiro, em riqueza ou noutros bens materiais, estou a falar em algo que, para mim, está claramente acima de todas essas coisas: saúde. É normal que à medida que uma pessoa envelhece, vá perdendo capacidades e funções, mas terminar a vida incapacitada fisicamente e, acima de tudo, cognitivamente, parece-me extremamente cruel! Não é justo uma pessoa terminar a vida sem poder falar, sem poder exprimir-se, muitas vezes sem sequer reconhecer aqueles que, durante a sua vida, foram as pessoas mais importantes para si e a fonte de tantas alegrias. Estou a falar, obviamente, nas doenças neurodegenerativas e, em particular, na doença de Alzheimer… Eu sei que atualmente vive-se muito mais do que há umas décadas e que isso tem implicações claras no envelhecimento e na perda de capacidades que se sofre à medida que o mesmo vai ocorrendo. Mas se nós conseguimos prolongar a vida, será que não podemos fazer nada para a prolongar com mais qualidade? Acredito que em parte é possível…
Do ponto de vista clínico, a doença de Alzheimer é caracterizada pela acumulação de uns conjuntos de proteínas no cérebro das pessoas, designadas de placas de amiloide. Estas placas comprometem a funcionalidade e a sobrevivência das células do cérebro e, por isso, gradualmente a pessoa vai perdendo capacidades cerebrais. Os fatores que levam à acumulação das placas de amiloide são vários e estão longe de estar completamente esclarecidos. Pensa-se que a alimentação poderá ser um desses fatores. Na realidade, sabe-se que problemas no metabolismo dos hidratos de carbono (da glucose em particular), e níveis elevados de açúcar no sangue aumentam o risco de desenvolvimento de doença neurodegenerativas em geral e doença de Alzheimer em particular. Devido a isso, pacientes com diabetes apresentam um maior risco de sofrer demência e perda de capacidades cognitivas à medida que envelhecem. Os níveis de açúcar no sangue dependem grandemente da alimentação, não apenas ao nível da quantidade de hidratos de carbono ingerida, mas também ao nível da identidade dos mesmos.
Recentemente foi divulgado um estudo no qual se procurou perceber se o consumo regular de alimentos ricos em hidratos de carbono simples (processados) poderia estar relacionado com o aparecimento de placas de amiloide no cérebro dos participantes. Foi observado que de uma maneira geral uma alimentação rica nesse tipo de alimentos aumentou de forma significativa a existência de placas de amiloide.
Acredito que está na hora de todos nós pensarmos que há muitas coisas que se assumem como inevitáveis que, na realidade, poderiam ser em parte evitáveis. Se por um lado a genética nos pode aumentar o risco de termos determinado tipo de problemas, também não é menos verdade que o nosso comportamento ao longo da vida tem um papel fundamental a esse nível. Os resultados apresentados no artigo que eu referi sugerem que a alimentação e, em particular o seu teor em açúcares simples, pode ser um fator de risco (modificável!) para a doença de Alzheimer. Claro que a cura para a doença de Alzheimer não vai passar por alterar apenas a composição da alimentação, muito menos passa por alterar apenas o consumo de hidratos de carbono refinados. O que eu quero destacar é que há, de facto, muito ainda a aprender sobre a forma como nós condicionamos o nosso futuro. Basta olharmos para o lado para percebermos a crueldade desta doença e, por isso, não podemos nem devemos encará-la como algo “normal” ou “inevitável”. E agora dirijo-me especificamente a si, que está a ler este post. Gostaria de diminuir o risco de terminar a sua vida com doença de Alzheimer? Gostaria de diminuir o risco de os seus filhos ou netos terminarem a vida deles com doença de Alzheimer? Seguramente que sim, e em parte está nas suas mãos diminuir esse risco. Adotar uma alimentação saudável é uma possível estratégia para diminuir esse risco. Não se esqueça que é no presente que nós estamos a escrever parte do nosso futuro…
Do ponto de vista clínico, a doença de Alzheimer é caracterizada pela acumulação de uns conjuntos de proteínas no cérebro das pessoas, designadas de placas de amiloide. Estas placas comprometem a funcionalidade e a sobrevivência das células do cérebro e, por isso, gradualmente a pessoa vai perdendo capacidades cerebrais. Os fatores que levam à acumulação das placas de amiloide são vários e estão longe de estar completamente esclarecidos. Pensa-se que a alimentação poderá ser um desses fatores. Na realidade, sabe-se que problemas no metabolismo dos hidratos de carbono (da glucose em particular), e níveis elevados de açúcar no sangue aumentam o risco de desenvolvimento de doença neurodegenerativas em geral e doença de Alzheimer em particular. Devido a isso, pacientes com diabetes apresentam um maior risco de sofrer demência e perda de capacidades cognitivas à medida que envelhecem. Os níveis de açúcar no sangue dependem grandemente da alimentação, não apenas ao nível da quantidade de hidratos de carbono ingerida, mas também ao nível da identidade dos mesmos.
Recentemente foi divulgado um estudo no qual se procurou perceber se o consumo regular de alimentos ricos em hidratos de carbono simples (processados) poderia estar relacionado com o aparecimento de placas de amiloide no cérebro dos participantes. Foi observado que de uma maneira geral uma alimentação rica nesse tipo de alimentos aumentou de forma significativa a existência de placas de amiloide.
Acredito que está na hora de todos nós pensarmos que há muitas coisas que se assumem como inevitáveis que, na realidade, poderiam ser em parte evitáveis. Se por um lado a genética nos pode aumentar o risco de termos determinado tipo de problemas, também não é menos verdade que o nosso comportamento ao longo da vida tem um papel fundamental a esse nível. Os resultados apresentados no artigo que eu referi sugerem que a alimentação e, em particular o seu teor em açúcares simples, pode ser um fator de risco (modificável!) para a doença de Alzheimer. Claro que a cura para a doença de Alzheimer não vai passar por alterar apenas a composição da alimentação, muito menos passa por alterar apenas o consumo de hidratos de carbono refinados. O que eu quero destacar é que há, de facto, muito ainda a aprender sobre a forma como nós condicionamos o nosso futuro. Basta olharmos para o lado para percebermos a crueldade desta doença e, por isso, não podemos nem devemos encará-la como algo “normal” ou “inevitável”. E agora dirijo-me especificamente a si, que está a ler este post. Gostaria de diminuir o risco de terminar a sua vida com doença de Alzheimer? Gostaria de diminuir o risco de os seus filhos ou netos terminarem a vida deles com doença de Alzheimer? Seguramente que sim, e em parte está nas suas mãos diminuir esse risco. Adotar uma alimentação saudável é uma possível estratégia para diminuir esse risco. Não se esqueça que é no presente que nós estamos a escrever parte do nosso futuro…