Hoje decidi escrever acerca de algo que, apesar de não ser um alimento, permite obter alimentos com uma riqueza nutricional muito interessante. Estou a falar do kefir que, quando eu era miúdo eu ouvia chamar como “flor de iogurte”. Curiosamente, não se trata de uma flor, nem mesmo de um vegetal, apesar de ser parecido com couve flor. O kefir é, na realidade, uma colónia de cerca de 30 microorganismos diferentes, dos quais fazem parte várias bactérias (nomeadamente os “famosos” Lactobacillus) e várias leveduras. Nenhum outro produto obtido a partir da fermentação envolve tantos microorganismos diferentes, e normalmente não envolve simultaneamente a utilização de bactérias e leveduras. Portanto, o kefir é algo vivo, que necessita de ser alimentado e necessita de vários outros cuidados, tal como qualquer ser vivo.
Na realidade, até nem existe um kefir, mas sim 2 tipos de kefir diferentes. A sua principal diferença está na forma de tratar/alimentar o kefir. Por isso, existe kefir de leite e o kefir de água.
Os principais benefícios do consumo do kefir estão relacionados com o facto de ser um excelente probiótico, ou seja, é formado por microorganismos que vão ajudar a equilibrar as diferentes populações de microorganismos intestinais, ajudando o intestino a funcionar melhor. O kefir é um bom exemplo de algo em que eu inicialmente não acreditava, mas que tive oportunidade de comprovar na primeira pessoa que realmente ajuda a estabilizar o funcionamento do intestino e a aliviar o desconforto intestinal (entre muitas outras vantagens!).
A origem do kefir remonta à Europa de Leste e ao Sudoeste Asiático. O nome kefir deriva da palavra Turca keyif, que significa “sentir-se bem após comer”. É caso para dizer, o nome diz tudo… 🙂 Na realidade, originalmente o kefir era utilizado nos países da Europa de Leste e da Ásia com finalidades terapêuticas. Apesar de ser algo conhecido e utilizado há muitos anos, o seu consumo ainda está longe de ser abrangente. São várias as razões para isso acontecer, que vão desde o desconhecimento por parte de várias pessoas, ao difícil acesso ao kefir, mas penso que o principal motivo se prende com aquela que é, na minha opinião, a maior limitação do kefir, que é o facto de tornar o leite muito ácido, ou seja, nem toda a gente consegue bebê-lo. Além disso, o leite fica ligeiramente gaseificado, o que lhe confere alguma “estranheza” adicional.
O que é que se pode encontrar em 100g de leite fermentado com kefir?
– 57kcal
– 3,4g proteína
– 11% da DDR (dose diária recomendada) de cálcio, fósforo e vitamina B2
– 8% da DDR de vitamina B12
– 3% da DDR de magnésio
Para terminar, gostaria de destacar que existem muitas formas diferentes de preparar leite fermentado com kefir, que variam no tempo de fermentação, temperatura de fermentação, diferentes colónias iniciais, diferentes proporções leite/kefir, … Ou seja, é muito difícil definir com rigor qual a composição nutricional e, consequentemente, quais os benefícios concretos associados ao seu consumo. Também queria referir que no caso de pessoas com problemas no funcionamento do sistema imunitário (doenças do sistema imunitário, realização de quimioterapia, transplantados, …), o consumo de kefir só deve ser efetuado após aconselhamento com um profissional de saúde especializado (nutricionista/médico).